A Secretaria Nacional Antidrogas (Senad) vai divulgar hoje (4) a primeira pesquisa em âmbito nacional sobre o uso de drogas no Brasil, mas o secretário, general Paulo Roberto Uchôa, antecipou hoje que existe dependência de álcool em 11,2% da população e de tabaco em 9%. Das drogas consideradas ilegais, só aparece dependência de 1% em maconha. Cocaína e outras substâncias ilícitas “não têm significação matemática na pesquisa”, segundo o secretário.

“É uma amostragem que nos deixa um pouco aliviados, mas não despreocupados, porque 1% equivale a 1,7 milhão de pessoas, e os dependentes em cocaína e outros entorpecentes são poucos, mas existem, e qualquer consumo, mesmo que seja baixo, é muito danoso”, disse Uchôa na palestra de abertura do 4.º Encontro de Conselhos Estaduais Antidrogas/Entorpecentes, que se realiza até amanhã no Hotel San Marco.

O secretário anunciou a elaboração, pelos ministérios da Educação e da Saúde, de um currículo básico para curso interministerial, de nível técnico, em reabilitação de dependência química, que será dado em breve, com efeito multiplicador nos estados e municípios. Esta ação será reforçada pela distribuição, ainda neste mês, de uma cartilha com orientações em capacitação terapêutica, de acordo com as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Esses mecanismos, na opinião de Uchôa, darão poder de articulação e unificação da linguagem entre os conselhos estaduais e municipais, descentralizando as ações da Senad no que ele chama de “homogeneização do conhecimento para uma rede integrada das políticas antidrogas”. E está sendo marcada uma série de teleconferências, a partir do laboratório da Universidade Federal de Santa Catarina, para enfatizar a municipalização das ações e parcerias com a sociedade civil organizada.

“Precisamos engajar todos os segmentos nessa luta, porque a mobilização da comunidade e a capacitação são fundamentais para que nosso trabalho tenha resultado efetivo; e nós podemos orientar a sociedade para executá-lo conosco”, ressaltou. O secretário reafirmou ainda a importância da educação e da formação de valores para que os jovens não se deixem levar facilmente pelo vício, porque “o traficante não obriga ninguém a comprar droga a inteligência dele está em descobrir os pontos fracos das pessoas, e a partir daí agem por indução”.

Uchôa revelou que, ao contrário dos EUA, que “têm jogado muito dinheiro fora, porque investem apenas na repressão”, a orientação brasileira é no sentido da prevenção e da formação. Ele concluiu sua palestra afirmando que “futuro não é um lugar para onde estamos indo, mas um lugar que estamos criando; o caminho para ele não é encontrado, mas sim construído; e o ato de fazê-lo muda tanto a realidade quanto o destino”.

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