O Ministério Público Federal (MPF) recebeu ontem um dossiê sobre as condições de trabalho e a situação de atendimento no Hospital de Clínicas (HC). A denúncia foi formulada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau Público de Curitiba (Sinditest) como resposta à decisão judicial que impingiu a demissão de 916 funcionários da Fundação da Universidade Federal do Paraná (Funpar) e que atuam no HC.

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Para Carla Cobalchini, presidente do Sinditest, a situação dentro do hospital é considerada calamitosa e a demissão de quase mil funcionários só tende a piorar. Uma assembleia da categoria está marcada para a próxima segunda-feira, às 7h, em frente à reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR). O Sinditest pretende também iniciar uma greve em protesto à demissão dos funcionários logo após o ato.

De acordo com a assessoria de imprensa do HC, o hospital ainda não foi informado oficialmente sobre a paralisação e afirmou não ter conhecimento do dossiê entregue ao MPF e seu conteúdo.

Entre as principais denúncias dos profissionais estão a falta de leitos, reduzida quase pela metade. Dos 600 disponíveis, apenas 370 estão em funcionamento. “No centro cirúrgico tem duas salas fechadas há dez anos e que viraram depósito”, revelou Coblachin.

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A situação é ainda mais precária no Banco de Sangue que, muitas vezes, possui o doador, mas não tem a bolsa para armazenar o sangue.

Funcionários têm medo da falta de verba

A presidente do Sinditest comentou também que a direção do HC tem restringindo a compra de filtros para a atualização em pacientes durante a transfusão de sangue. Segundo Coblachin, são comprados apenas 50 filtros por mês, suficientes para atender apenas os pacientes da UTI neonatal.

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Outra questão levantada é a falta de material para trabalho. O dossiê revela que faltam sapatos adequados para quem trabalha na cozinha e também roupas para procedimentos cirúrgicos.

Rescisão

Os 916 funcionários ligados à Funpar temem que a fundação e a UFPR não possuam verba para pagar a rescisão dos profissionais demitidos, o que poderia acarretar uma grande dívida trabalhista. Coblachin afirma que as duas instituições sinalizaram que não têm condições de pagar os débitos referentes à rescisão de quase mil trabalhadores.

Entenda o caso

A demissão dos funcionários foi autorizada pelo juiz Sandro Augusto de Souza, que afirmou que todos os funcionários ligados à Funpar devem ser substituídos por profissionais concursados. Para ele, o regime de trabalho estaria irregular, já que para atuar no HC é preciso prestar concurso público. Caso a decisão judicial seja descumprida, o HC pode ter que pagar multa diária que pode chegar a R$ 150 mil.

O MPF foi procurado pela redação do Paraná Online, mas não atendeu aos telefonemas.