Dono de fazenda no Oeste pede reintegração de posse

O proprietário da fazenda invadida no sábado em Cascavel, pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Anacleto Nazari, entrou na justiça ontem, pedindo a reintegração de posse. A fazenda fica próxima ao Terminal Ferroviário da Ferroeste e é considerada produtiva. Segundo os trabalhadores rurais, eles querem pressionar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) para agilizar o processo de reforma agrária. Além disso precisam de terra para plantar a safra de verão.

Os trabalhadores rurais estavam instalados no Complexo Cajati, que é composto por cinco acampamentos e reúne cerca de 1,1 mil famílias. No entanto, a área é pequena para todos iniciarem a safra de verão. A Fazenda Nazari, como é conhecida, foi escolhida pelos agricultores porque teria dívidas com a União.

Na madrugada de sábado, cerca de 600 pessoas se deslocaram para lá. No local, ergueram duas grandes barracas para abrigar os trabalhadores e uma cozinha comunitária. Ontem passaram o dia fazendo a demarcação da área para iniciar o plantio de mandioca e feijão.

Segundo o advogado do proprietário, Salazar Barreiro Júnior, ele já entrou na 1.ª Vara Civil da cidade pedindo a reintegração de posse. Além disso, afirma que a área – com 83 alqueires, sendo parte de preservação ambiental – é produtiva e a terra já estava preparada para receber as sementes de soja. "Temos certeza que a justiça vai decretar a reintegração. O problema é o governo acatar a decisão", reclama Salazar. Ele comenta ainda que é possível que a fazenda tenha alguns débitos com a União, já que ultimamente os agricultores estão enfrentando dificuldades para saldar suas dívidas.

O grupo que invadiu a fazenda é o mesmo que ocupou a sede do Incra em Cascavel, na semana passada, durante três dias. No início de setembro, a Fazenda Kely, também em Cascavel, já havia sido invadida por trabalhadores do MST.

Reforma

Ainda não há previsão para o assentamento das famílias que vivem no Complexo Cajati. Segundo o superintendente do Incra no Paraná, Celso Lisboa de Lacerda, desde meados do ano passado, dez fazendas estão passando pelo processo de compra. "Normalmente a aquisição das terras ocorre em dez meses, mas como as áreas ficam na região de fronteira o processo é bem mais complexo. Não se sabe quando vai terminar", explica.

A Fazenda Salazar não deve ser usada no processo de assentamento porque é considerada pequena. Lacerda acha que as áreas que estão sendo compradas vão dar conta de assentar todos os trabalhadores rurais. "Para assentar as famílias será feita uma entrevista e só vão ser beneficiadas as que realmente têm ligação com a agricultura. Parte do grupo é de pessoas da cidade que resolveram se juntar ao movimento", fala. 

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