A valorização do dólar frente ao real fez com que muita gente repensasse os planos de viagens para o exterior. A Associação Brasileira de Agentes de Viagem do Paraná (Abav-PR) já projeta que 10% dos pacotes de junho e julho devem ser cancelados no Estado. A medida para não estourar o orçamento, porém, não encontra respaldo entre os economistas, já que os valores perdidos com multas não se revertem em qualquer benefício para quem está pagando.
Para o economista-chefe da Inva Capital e coordenador do curso de Economia da Universidade Positivo, Lucas Dezordi, quem tem pacote para julho deve ir comprando dólar diariamente de hoje até a data da viagem para pulverizar o risco de comprar toda a quantia que se pretende levar ou quitar a dívida do cartão de crédito em um dia de cotação muito alta. “Comprando um pouco todo dia, você vai trabalhar com o valor médio, já que não tem como adivinhar em qual dia a moeda vai ter o menor valor para a compra”, explica.
Controle
Quanto ao rompimento de novos patamares de cotação para a moeda norte-americana, Dezordi lembra que o governo tem a inflação no centro da meta e, por isso, dificilmente irá deixar o “câmbio fugir do controle”. “E se não houver evento externo importante, o dólar tende a ficar nesta faixa entre R$ 2,10 e R$ 2,14. Se pensarmos que quem comprou pacote para esta época já vinha trabalhando com um ano onde a moeda está entre R$ 1,95 e R$ 2, a diferença ainda não justifica desistir da viagem e pagar multas pesadas, principalmente, se a pessoas está cancelando em cima da hora”, indica. Para o economista, o melhor a fazer é viajar e controlar os gastos lá fora.
Multa chega a 25% do pacote
Outro forte argumento vem da tendência de reajuste nos preços dos pacotes internacionais. Segundo o presidente da Abav-PR, Celso Tesser, os fornecedores internacionais estão fechando os roteiros com o dólar valendo R$ 2,20. “Já encareceu o custo da operação em 5%”, informa. Segundo ele, quem está desistindo dos pacotes comprados para julho está pagando multa entre 20% e 25% do valor do pacote, mais taxa entre US$ 100 e US$ 150 por causa da desistência do bilhete aéreo.
Um meio termo para quem teme que as despesas com compras ultrapassem drasticamente o orçamento previsto é negociar com as agências uma troca por pacotes nacionais. “Dependendo da política da empresa e do nível de relacionamento com o cliente pode ser possível se livrar ou diminuir a multa contratual, mas a multa de qualquer alteração no bilhete aéreo permanece”, pondera Tesser.