Os doadores de sangue espontâneos (aqueles que não doam para uma pessoa específica) perderam a prioridade no atendimento do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), em Curitiba, desde a semana passada. A partir de agora, eles também precisam respeitar a fila, formada por ordem de chegada, juntamente com os doadores de reposição.
O funcionário público federal Waltencir Marins dos Santos é doador há 19 anos. No último final de semana, ele e a esposa tentaram fazer uma doação no Hemepar. Lá, receberam a informação de que os doadores voluntários espontâneos não tinham mais prioridade na hora do atendimento. “Hoje em dia, o tempo está curto. Aproveitamos alguns momentos de calma, a hora do almoço ou os intervalos para doar sangue. Não podemos esperar horas na fila. O doador espontâneo sempre teve prioridade na hora de ser chamado”, afirma.
Santos comenta que o problema também acontece em outros bancos de sangue. Ele critica a posição das instituições que adotaram essa medida. “O doador espontâneo não pode enfrentar fila. Eles fazem várias campanhas dizendo que precisam de voluntários e nós perdemos essa condição. A perda da prioridade e as muitas restrições afastam os doadores, justamente o que eles precisam. Assim, as campanhas não adiantam nada”, avalia.
Constantes reclamações
A coordenadora de divisão de relações comunitárias do Hemepar (ligado à Secretraria de Estado da Sáude), Vera Hirata, conta que a prioridade foi banida por causa das constantes reclamações dos doadores de reposição, que doam sangue para um paciente específico. “Nós estávamos passando os espontâneos na frente, mas os de reposição reclamavam muito, dizendo que também tinham prioridade. Eles já vêm com uma carga emocional enorme e gerava muito estresse. Baseados nos direitos do cidadão, organizamos a fila por ordem de chegada”, explica.
Atualmente, somente os doadores fenotipados (que possuem características iguais às pessoas com doenças hematológicas congênitas) e os convocados em caráter emergencial recebem atendimento priorizado. “O assunto é polêmico e pedimos um conselho do Ministério da Saúde (MS), mas ainda não tivemos resposta de como proceder. Vamos continuar com a ordem de chegada em caráter experimental até chegar a orientação”, indica Vera. Ela ainda não tem idéia se a procura pelo atendimento vai cair com a nova medida. A coordenadora informa que o Hemepar conta com 24 unidades espalhadas pelo Estado e que algumas delas continuam com a prioridade para os doadores espontâneos.
Serviço – As doações podem ser feitas na sede do Hemepar, localizada na Travessa João Prosdócimo, 145, no bairro Alto da XV. Maiores informações no telefone (41) 262-7676.