Paulo Teixeira pede doações ao parceiro
de Blindagem, o vocalista Ivo Rodrigues.

A falta de hábito da maioria das pessoas em doar sangue periodicamente faz com que os bancos de sangue brasileiros trabalhem sempre no limite. O Ministério da Saúde diz que, para que os bancos estejam sempre abastecidos, é necessário que de 3% a 5% da população total do País seja doadora. No Paraná, apenas 2,8% do total de habitantes costumam doar sangue.

Em 2003, o Hemepar, que possui 24 unidades coletoras espalhadas pelo Estado e é responsável por metade das transfusões realizadas – sendo que a outra metade é feita por redes privadas – teve como doadores o correspondente a 1,56% da população total.

“Em países da Europa que passaram por grandes guerras, por exemplo, a situação é bastante diferente. Nos Estados Unidos, depois de 11 de setembro de 2001 e da guerra do Iraque, o número de doações aumentou consideravelmente”, comenta o diretor do Hemepar, Wilmar Mendonça Guimarães. “Por outro lado, no Brasil as pessoas ainda não têm a cultura da doação.”

Outro fator que impede grande parte das pessoas de doar é o medo. Mitos como o de que doando sangue se pode pegar algum tipo de enfermidade, que doação engorda ou é dolorida também contribuem para a escassez de sangue. “A doação não apresenta risco algum. Por alguns instantes, após a coleta de sangue, o doador pode sentir um leve mal-estar, mas é uma coisa que se resolve tomando um pouco de líquido e permanecendo alguns minutos sentado”, explica Wilmar.

Podem doar sangue pessoas com mais de 18 anos, com peso acima de 50 kg, que não tenham tido doenças infecciosas, como hepatite e chagas, e que não sejam portadoras do vírus da aids. Antes da doação, os doadores passam por triagem médica. Homens podem fazer quatro doações por ano, com intervalos de três meses. Já as mulheres podem fazer três, com intervalos de quatro meses. Em Curitiba, quem quiser se tornar um doador pode procurar o Hemepar, na Travessa João Prosdócimo, 145, no Alto da XV, ou através do telefone (41) 365-2030.

O vocalista da banda curitibana Blindagem, Ivo Rodrigues Júnior, o Ivo Rodrigues, de 54 anos de idade, está sentindo na pele as conseqüências da falta de hábito do brasileiro em doar sangue. Ele precisa ser submetido a um transplante de fígado e necessita de cem doadores, que somados irão doar cinqüenta litros de sangue.

Os outros quatro componentes da banda se mobilizaram e, há algumas semanas, estão pedindo doações através de anúncios de rádio e jornal. Até agora, apesar de todos os esforços, apenas dezoito pessoas se propuseram a fazer a doação: “Acho que as pessoas pensam que os outros vão doar e que elas não precisam se incomodar”, acredita o guitarrista da Blindagem, Paulo Teixeira. “Todos deveriam ser doadores. É uma grande satisfação poder doar alguma coisa a alguém sem interesse de receber nada em troca.”

Nos próximos dias, para conseguir que mais pessoas se sensibilizem com a o problema de Ivo, os integrantes da banda devem procurar emissoras de TV e realizar trabalhos junto a estudantes universitários. Quem quiser doar ao vocalista deve procurar o banco de sangue do Hospital de Clínicas (HC) da UFPR, localizado na Rua General Carneiro, 181.

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