Humanidade

Doador de sangue ajuda moça com talassemia desde os 10 anos

Encontrar doador de sangue com o mesmo tipo sanguíneo nem é tão difícil, mas com outras características, chamadas fenotipos, que evitam rejeição, pode se tornar uma batalha. Foi o caso de uma paciente de Minas Gerais, que nesta semana precisou de sangue tipo O-, com características bem específicas. O único banco de sangue do País que tinha doador compatível era o Hemepar, em Curitiba, mas o cadastro estava desatualizado. O jeito foi usar as redes sociais para localizá-la. Por sorte, em três horas, a doadora foi encontrada.

Uma das dificuldades dos bancos de sangue é ter doadores “fidelizados”, que se comprometem a fazer doações periódicas e a manter os contatos atualizados. Este é o caso do gerente comercial e chefe de escoteiros Eloi Alves de Souza Júnior, 48 anos, que é doador há 27 anos. “Doar dá um sentimento de felicidade, alegria, gratidão. É ter espírito de fraternidade”, diz o gerente comercial.

Eloi era doador voluntário, a cada três meses, e passou a ser “doador fenotipado”, que doa quando convocado, para grupo específico de pacientes. A mudança ocorreu quando a triagem de seu sangue bateu com as características do de uma menina, de 10 anos, portadora de talassemia. Hoje, a “menina” tem 25 anos e é casada. Graças às doações, leva uma vida normal. Portadores desta doença precisam de transfusão uma vez por mês, ou até a cada 20 dias, o que faz com que precise de três ou quatro doadores.

Emoção

“Recebi um cartão dela, dizendo: ‘obrigada por me ajudar a viver’. Eu a vi pequena e, esses tempos, a vi num encontro de doadores já adulta e casada. Emocionante demais”, descreveu Eloi, que assim como outros fenotipados, que são designados para determinados pacientes, são chamados de padrinhos de sangue.

Às vezes não dá tempo

Nely Coimbra Moura, 55 anos, assistente social do Hemepar, também já lamentou mortes pela falta de doadores. Às vezes, porque não conseguiram encontrar um doador compatível. Nely relata que muitos doadores procuram a doação de sangue porque querem ter os benefícios que a carteirinha de doador oferece. Quando vão ao Hemepar, omitem informações no questionário de saúde. “Todo sangue passa por análise. Mas o questionário é a primeira triagem. Se ela mentir em algo no questionário, pode prejudicar um paciente”, analisou a assistente social.

Segundo ela, o Hemepar recebeu, no ano passado, 735.448 cadastros de voluntários a doação, em todo o Paraná, 203 mil só em Curitiba. No entanto, pouco mais de 10% destes candidatos são aptos a doar. Na capital, por exemplo, apenas 32.518 pessoas foram consideradas aptos a doar.

“Tem épocas que falta sangue. Chamamos aqueles que já estão em época de doar novamente, fazemos campanha, pedimos ajudada da mídia. Às vezes as pessoas vêm aqui achando que deu três meses da última doação, quando na verdade já faz um ano”, disse Nely.