O Paraná deve bater o recorde de doações de sangue em 2002. Em 2001 foram 130 mil e em outubro deste ano a marca já estava prestes para ser atingida. A boa notícia foi dada ontem durante a comemoração do dia internacional do doador. A Secretaria de Estado da Saúde aproveitou para divulgar os trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná nos últimos 20 anos. Quando o centro iniciou suas atividades, em 1982, eram 16 hospitais atendidos. Hoje são 300.
Pessoas como Eliane Aparecida dos Santos, 19 anos, sabem muito bem qual é a importância do gesto de quem se dispõe a doar sangue. “Para você doador agradeço por me permitir a vida”, disse emocionada. Além da preocupação com a conscientização das pessoas, Eliane ainda precisa seguir uma rotina rigorosa da qual depende sua saúde. Ela realiza, a cada 21 dias, as transfusões que costumam durar entre 4 e 8 horas.
Mas garantir sangue para quem precisa não é tarefa fácil. A rede pública de coleta conta apenas com 45% de doadores fixos, que costumam doar mais de uma vez ao ano. “Ainda não temos uma cultura de doação formada”, comenta a diretora do Hemepar, Elizabeth Ana Ciechomski.
Ela explica que, para poder afirmar que o País adquiriu esse comportamento, o número de fixos deveria subir para 60%, que é a meta nacional. Elizabeth diz ainda que, apesar de todas as campanhas, muitas pessoas ainda têm medo de doar. Mas explica que o processo é seguro. Os riscos de contaminação são mínimos, quase nulos.
Números
Os homens são as pessoas que mais doam, 58%. Os jovens com até 30 anos são os mais solidários, representam 35% do total de doadores. Além disso, a maioria dos doadores está na classe média e tem o segundo grau.
O Hemepar atende a 70% da demanda do Estado. O restante vem de bancos particulares. O secretário Luiz Carlos Sobania afirma que a meta é atingir 100%. “O sangue é um material muito complexo. É de responsabilidade do Estado”, explica.
A preocupação com a qualidade do material coletado também é grande. Para garantir que não haverá contaminações, dez tipos de exames são realizados por amostra. Dois deles, o de Aids e Hepatite C, vão começar a ser feito por biologia molecular. São os mais modernos e eficazes que existem, porém mais caros que o convencional.
Doador consciente
A campanha educativa deste ano tem o tema Doador Consciente Sangue Seguro. Elizabeth afirma que a honestidade da pessoa na hora de doar ajuda no controle de possíveis contaminações. A rede do Hemepar é formada por 24 unidades, entre hemocentros, hemonucleos e unidades de coleta de sangue. Ainda falta inaugurar uma unidade de hemocentro – que realiza coleta, processamento, armazenamento de bolsas de sangue e controle de doenças hereditárias – em Londrina e um hemonúcleo -que só realiza o controle de doenças hereditárias – em Francisco Beltrão.
A campanha de conscientização prossegue até março e deve se intensificar nos meses de dezembro e janeiro, época que cai o número de doadores devido às festas de final de ano. A programação educativa conta com palestras em escolas, blitz e panfletagem nas ruas.