DNIT culpa a chuva pela queda da ponte do Capivari

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Segundo o DNIT, ponte não apresentava problemas de estrutura.

A intensa chuva que foi registrada na madrugada do dia 25 de janeiro foi a causa do acidente que provocou o desabamento de parte da ponte sobre a represa do Capivari, na BR-116. A confirmação foi feita ontem pelo coordenador de estruturas do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), engenheiro Eduardo Calheiros de Araújo, que descartou qualquer falha humana ou de estrutura no incidente. Apesar das obras emergenciais que estão sendo feitas para conter problemas na outra ponte – que está recebendo o tráfego nos dois sentidos da via – ele admitiu que se voltar a chover no final de semana, o trecho poderá ser interditado.

Segundo relatório apresentado por Calheiros, na madrugada do acidente ocorreu uma chuva intensa de precipitação pluviométrica de 83 milímetros. Esse valor foi um pouco abaixo do registrado durante todo o mês de janeiro de 2001, quando a precipitação chegou a 89,4 milímetros. Isso teria sido, de acordo com o coordenador, determinante para o acidente. "Um fator meteorológico de difícil previsão", analisou. Ele também descartou a possibilidade de falha na drenagem do aterro. "A drenagem era suficiente para chuvas normais, e não esporádicas", falou.

Sobre a movimentação do aterro, que poderia provocar um novo acidente na BR, o engenheiro do DNIT negou que isso estaria acontecendo. "O aterro de acesso à ponte não está se movimentando. O que se movimentou foi o aterro da ponte que ruiu", falou. No entanto, ele admitiu que o acesso poderá ser totalmente interditado se voltar a chover na região. "Os motoristas vão ter que ter paciência", disse. Calheiros isentou o DNIT de qualquer responsabilidade sobre o acidente e criticou as informações que foram divulgadas sobre o fato.

Balanças

Enquanto prosseguem os trabalhos de recuperação de parte da ponte que desabou e prevenção de incidentes na ponte que está recebendo o tráfego – cerca de 30 mil veículos/dia -, o DNIT vai manter a determinação de peso máximo de 45 toneladas para os caminhões. Como hoje o controle está sendo feito através das notas fiscais, o órgão promete instalar, em menos de 20 dias, balanças portáteis em dois pontos da rodovia.

Os equipamentos serão colocados no posto rodoviário do Itaqui – onde já existe uma estrutura -, e outro antes do quilômetro 44. Segundo o supervisor de operações de infra-estruturas de transportes da 9.ª Unidade Nacional de Infra-estrutura de Transportes (UNIT), David Govea, a proposta não é para multar os motoristas que excedem o peso, mas controlar o tráfego, mantendo a estrutura da ponte. Os veículos que precisarem de autorização especial de tráfego (AET), e que geralmente transportam acima de 57 toneladas, terão os pedidos analisados com cautela.

Risco de interdição da segunda ponte é mínimo

Mesmo com a ameaça de interdição em caso de chuvas fortes, a Rodovia Régis Bittencourt (BR-116) ainda é a melhor opção para quem pretende passar o Carnaval nas praias do Paraná e Santa Catarina. Essa é a opinião do coordenador do DNIT no Paraná, Rosalvo de Bueno Gizzi.

As chances de interdição da segunda ponte na represa do Capivari, no km 42,6, no lado paranaense, são mínimas, disse Gizzi. "Já começamos o trabalho de contenção da cabeceira e as condições de tráfego são boas." A outra ponte que havia nesse ponto da rodovia, de pista dupla, caiu no dia 25 de janeiro em virtude de um deslizamento do aterro.

Desde então, o tráfego vem fluindo pela ponte remanescente, cuja cabeceira também foi afetada. Segundo Gizzi, por razões de segurança e por causa das condições climáticas, sujeitas a chuvas excessivas, não é possível descartar completamente o risco de interdição. "Mas é um risco mínimo."

Ele próprio, por exemplo, não hesitaria em fazer a viagem. "Não há lentidão ou congestionamento no trecho", afirmou. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) também não desaconselha o uso da rodovia, mas recomenda cautela por causa da instabilidade do tempo.

Ontem, chovia em vários pontos da estrada. Os maiores riscos estão no lado paulista, onde existem três trechos de serra, dois deles com pista única, e alguns pontos de meia-pista. Tanto a PRF quanto o DNIT recomendam cuidados entre os quilômetros 337, em Juquitiba, e 369, em Miracatu, com pista simples, e que inclui a Serra do Cafezal.

Há pontos com risco de deslizamentos. Uma pista está interditada entre os Km 537 e 557, na Serra do Azeite, em Barra do Turvo, pois a outra está em obras. Cuidados também são necessários na Serra Pelada, próximo à divisa com o Paraná, pois há barracas instaladas muito próximas da estrada.

Engenheiro rebate as denúncias infundadas

"No momento de crise é preciso ser profissional. É impossível emitir uma opinião sem ir ao local", afirmou ontem o coordenador de estruturas do DNIT, Eduardo Calheiros. Ele criticou também a denúncia feita pela Prefeitura de Campina Grande do Sul, publicada por um jornal da capital, e que apresentava uma fenda lateral na ponte. Segundo o coordenador do DNIT, a fenda está no projeto da ponte da pista norte (a que desabou), e não é resultado de escorregamento da estrutura sobre o pilar.

Em nota oficial, o DNIT diz que "são estruturas retangulares em ângulo reto, apoiadas sobre os pilares. Como a ponte é em curva, essas estruturas têm as extremidades próximas pelo lado interno, e separadas no lado externo, em forma de cunha. Elas não apareciam no perfil da ponte antes do reforço da estrutura, porque eram fechadas com massa. Depois da reforma da ponte, em 2000, as fendas foram utilizadas para fazer proteção dos cabos, e por isso não foram fechadas com massa de acabamento". O órgão afirma que as fotos publicadas como sendo de 2001, eram na verdade anteriores a 1999, quando a ponte estava fechada. A ponte ficou interditada para reformas por 17 meses.

De acordo com Calheiros, o DNIT possui técnicos e engenheiros competentes e não é admissível que um leigo fale sobre o assunto. "Não posso admitir que uma pessoa que nem é engenheiro possa apavorar as pessoas. É irresponsabilidade", bradou.

Em relação aos relatórios que teriam sido apresentados pela Polícia Rodoviária Federal, alertando sobre o possível acidente, o DNIT afirma que PRF não possui especialistas no assunto, e que essas comunicações sempre são averiguadas. Prova disso é que, após o alerta feito pela PRF, os desníveis na cabeceira de várias pontes da rodovia – inclusive a do rio Capivari – foram solucionados cinco dias antes do acidente. (RO)

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