As eleições municipais de outubro deste ano continuam dividindo os tucanos em São Paulo. O embate, que estava sendo travado nos bastidores da legenda, colocando em lados opostos correligionários que apostam na candidatura própria do ex-governador paulista Geraldo Alckmin e os que defendem a manutenção da aliança com o DEM, tendo à frente o atual prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab, ficou ainda mais acirrado nesta semana. O estopim foi a divulgação de uma moção de apoio à manutenção da aliança PSDB-DEM neste pleito por parte do líder da bancada tucana na Câmara dos Vereadores, Gilberto Natalini.
Na moção, o vereador destaca que a aliança entre tucanos e democratas na capital deve continuar. "A bancada de vereadores do PSDB, em sua maioria esmagadora, defende a manutenção da aliança PSDB/DEM para as próximas eleições. Esta é a parceria aprovada pelos paulistanos que moram em São Paulo, conhecem e gostam desta cidade." Apesar de Natalini falar em maioria esmagadora, nem todos os 12 vereadores tucanos da Câmara Municipal compartilham dessa opinião e muitos apostam numa candidatura própria tucana, até porque acreditam que essa estratégia é essencial para garantir a formação de uma boa bancada na Casa. Pelos cálculos dos que defendem a aliança com o DEM, cerca de 80% da bancada municipal defende uma chapa PSDB-DEM para este pleito.
Os que são partidários da candidatura Alckmin alegam, nos bastidores, que uma das principais razões para a defesa de uma chapa conjunta é o fato de o PSDB deter mais de 50% cargos da Prefeitura paulista. Segundo essas fontes, a estrutura básica deixada pelo governador José Serra, quando venceu o pleito estadual em 2006, foi mantida por Kassab. E essas mesmas fontes lembram que os tucanos detêm cargos chave nessa administração, como por exemplo as secretarias que definem as estratégias e liberam os recursos – Fazenda e Planejamento – e as de maior verba e visibilidade junto à população, como Educação e Saúde.
Em entrevista coletiva concedida hoje, Natalini disse que os tucanos consideram-se responsáveis pelo programa de governo que vem sendo executado pelo prefeito Gilberto Kassab, até o dia 31 de dezembro deste ano. Segundo ele, a bancada do PSDB na Câmara lutou quatro anos para fiscalizar o governo anterior, do PT, mas com a vitória da coligação PSDB-DEM (José Serra e Kassab), o cenário mudou e a "cidade pode contar com uma administração de qualidade".
Com base no raciocínio de que São Paulo deve continuar contando com uma administração conjunta de tucanos e democratas, Natalini reitera: "A eventualidade de duas candidaturas a prefeito de São Paulo vai deixar esta governabilidade e a concepção de que esse governo pertence a essa coligação. É óbvio que isso entrará em questionamento. Se você tem dois candidatos a prefeito do mesmo grupo político que ganhou as eleições e que vem governando São Paulo, significa que no processo eleitoral esse governo terá obrigatoriamente deixado de ser governo do PSDB.