A utilização de células-tronco embrionárias para pesquisa, autorizada em abril do ano passado pelo Congresso Nacional, é um assunto que ainda gera muita polêmica e uma série de divergências entre Ciência, Religião e Direito. Ontem, a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) reuniu representantes das três áreas para discutir o assunto com estudantes e integrantes da sociedade em geral. A polêmica começa a ser estabelecida quando se discute em que momento a vida humana tem início. Atualmente, é aceito o preceito de que a vida começa no momento da fecundação. ?Para que uma única célula-tronco seja utilizada, o embrião precisa ser totalmente destruído. Por isso, dentro de uma visão católico-cristã, o embrião já é um ser humano que precisa ser tratado com dignidade e respeito?, comenta o teólogo e coordenador de Bioética da PUCPR, Mário Antônio Sanches.
Baseada nesse pensamento, a Igreja Católica tem se posicionado contra a produção de embriões para pesquisa ou mesmo a utilização de embriões congelados presentes em centros de fertilização. A Lei de Biossegurança brasileira permite apenas o uso de embriões congelados há mais de três anos, desde que com autorização expressa dos pais. ?É verdade que temos que acabar com o embrião para conseguir uma célula-tronco. Porém, um embrião congelado há mais de três anos, se não utilizado para pesquisas, acaba sendo descartado. Não há outra solução?, afirma o diretor de pesquisa e pós-graduação da PUCPR, Waldomiro Gremski, que é favorável às pesquisas com embriões já existentes.
No âmbito jurídico, o professor de Direito Civil da UFPR, José Antônio Gediel, explica que existem duas vertentes. Ambas respeitam o direito de o uso dos embriões ser realizado sob consentimento dos pais e são favoráveis à regulamentação jurídica da utilização. Mas a primeira é mais liberal que a segunda. ?A primeira vertente é favorável à uma utilização organizada. Já a segunda tem uma visão mais restritiva. Se preocupa não só com a regulamentação e o consentimento dos pais, como também com aspectos sociais que o manejo de células-tronco embrionárias possa vir a gerar, ou seja, é valorizada a repercussão na sociedade?, informa. Também entre os representantes das duas vertentes, não costuma haver visão impeditiva das pesquisas.