Intolerância doentia

Discussão de trânsito ganha fortes contornos na Internet

Uma discussão no trânsito na tarde de segunda-feira, no Centro Cívico, mostrou o quanto as pessoas precisam exercitar mais a calma e o bom senso, para evitar que pequenos momentos de intolerância não se transformem em tragédias maiores. Felizmente, o caso não teve feridos físicos. Mas as agressões verbais e morais tornaram-se virais na internet, ontem.

O caso ocorreu na tarde de segunda-feira, na esquina das Ruas Barão de Antonina e Heitor Stockler de França. À noite, o motorista, de 46 anos, envolvido no bate-boca com os ciclistas neste local postou um comentário muito ofensivo em seu perfil no Facebook. Xingou um dos ciclistas e ainda generalizou as ofensas a todos os usuários de bicicletas.

A Tribuna conversou com o motorista. Ao telefone, a pessoa educada não parecia em nada o usuário do Facebook. O homem, que não quis o nome divulgado, explicou que saiu do local tão transtornado, que a maneira que encontrou de desabafar e extravasar foi pela rede social. “Quando terminei de digitar, me senti leve de por pra fora tudo aquilo. Mas logo as pessoas começaram a me xingar. Tive que apagar o perfil. Não tiro a razão de quem me xingou. Eu faria a mesma coisa. Também não quis generalizar. Eu queria apenas xingar quem fez aquilo comigo. Mas vou reativar meu perfil e mantê-lo apenas com uma retratação”, analisou o
motorista.

Na versão dele, ele trafegava pela Rua Barão de Antonina e, quando chegou na esquina atrás da Fiep, para enxergar o trânsito antes de entrar na preferencial, precisou avançar um pouco na faixa de pedestres. Alguns segundos depois, ciclistas se aproximaram e reclamaram porque ele estava em cima da faixa. “Eu tirei minha cabeça pra fora e também reclamei com eles. Eu disse: ‘Por quê? De bike também pode atravessar na faixa?”, já que eles estavam passando no meio dos pedestres. Eles não gostaram e começaram a me xingar”, analisou.

O motorista alega que, em seguida, cerca de cinco ciclistas começaram a ameaça-lo, mandaram sair do carro e até chutaram sua porta. “Eu não quis continuar com aquilo e fui embora. Mas saí transtornado”, defendeu-se o homem, que desabafou na rede social quando chegou em casa. Ele se arrependeu da postagem, mas afirma que os ciclistas também não entenderam a necessidade do motorista.

Grave

Luís Cláudio Patrício, coordenador de projetos da Associação de Ciclistas do Alto Iguaçu (Cicloiguaçu), disse que soube e teve acesso a cópias da postagem no fim da tarde de ontem. Ele foi neutro em dizer que não é possível se pronunciar sobre o assunto, já que não ouviu as duas partes. Mas garantiu que associação irá fazer uma reunião com o seu departamento jurídico, para ver que medidas podem tomar.

Luís Cláudio disse que é comum receberem notícias de intolerância no trânsito. “Às vezes até parece problema de saúde pública psicológica. O problema está no sistema, na infraestrutura oferecida pela cidade. Quando você tem um trânsito em que as pessoas precisam passar duas a três horas por dia nele, cinco vezes por semana, enfim, é de ficar com a saúde física e mental afetada. Por isso defendemos o uso da bicicleta, que toma menos espaço, o trânsito flui, gasta-se menos tempo, faz bem à saúde”, analisa o cicloativista.

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