Muitos podem não tomar conhecimento, mas os casos de discriminação acontecem com freqüência no Paraná. Tanto que foi preciso criar um setor que trabalhe especificamente com o assunto. Pela Assessoria de Relações Externas e Interinstitucionais da Secretaria de Estado da Educação a discriminação é encarada como também uma forma de violência, não menos grave que a física.
De janeiro até a última terça-feira (12), foram registrados no Paraná, no Sistema de Informação para a Infância e Adolescência (Sipia) do Ministério da Justiça, mais de 1,5 mil casos de violência psicológica contra menores e 430 casos de discriminação. No entanto, como alerta a psicóloga da assessoria, especialista em educação, Fátima Kotowski, esses números não correspondem à realidade, pois muitos casos não são notificados. ?A pessoa não ser respeitada também é um tipo de violência, que marca, pois a sua existência não é considerada. A discriminação no ambiente escolar existe e a gente trabalha exatamente com o resgate dos valores de convivência coletiva. Não tem como fechar os olhos ao problema?, diz.
Como afirma Fátima, o assunto ainda precisa ser discutido e trabalhado. ?A violência é uma das maiores causas da evasão escolar. Como a pessoa não é aceita na escola, acaba não querendo fazer parte.?
?Por isso estamos sempre acompanhando esse fenômeno, através da ficha de comunicação do aluno ausente e da rede de inclusão escolar da secretaria. Fazemos nosso trabalho, mas há uma certa carência em pesquisas que dêem subsídio para planejar as ações?, comenta a psicóloga.
Esse problema é nacional e tão freqüente que o Ministério da Educação (MEC) resolveu mapear a discriminação no ambiente escolar brasileiro. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad), em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), está desenvolvendo a Pesquisa Nacional de Educação para a Diversidade. Nesta primeira etapa, a ser apresentada em janeiro, serão levantados os dados qualitativos referentes ao tema. O segundo momento, de março a julho de 2007, será o de verificar em cada região como, onde e em que número ocorrem esses casos de exclusão.
Segundo Jorge Teles, diretor de Avaliação e Informações Educacionais da Secad, a pesquisa ajuda a definir até que ponto a discriminação atrapalha o acesso, o desenvolvimento, a permanência e a trajetória da vida do aluno. ?Existem vários grupos sociais que cobram através de denúncias de crianças que não tiveram as matrículas aceitas, que são preteridas por causa dos trajes, por exemplo, atitude do governo para resolver isso. A pesquisa é um instrumento eficaz, pois, além de já trazer o tema para debate na escola, dá condições de mapear e diagnosticar o problema, melhorando as políticas públicas de combate?, explica.