Documentos levantados pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) sugerem que a diretora de uma empresa que participava de processo de credenciamento no Detran teve acesso antecipado ao edital e sugeriu mudanças no documento que define as regras do procedimento.
De acordo com os promotores de Justiça, Raquel Cardoso, então diretora da empresa Infosolo, teria recebido por e-mail a minuta do edital e sugerido alterações que beneficiariam a empresa, determinando, inclusive, o preço a ser pago pelo serviço.
A Infosolo já é investigada desde o ano passado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) – força-tarefa do MP-PR com as polícias Civil e Militar -, na Operação Taxa Alta. A ação apura fraudes no gravame, cadastro que os automóveis financiados devem ter no Detran e que é feito por intermédio de empresas, entre elas a Infosolo.
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A primeira fase da operação ocorreu em novembro de 2019, mirando servidores comissionados que trabalharam no credenciamento das empresas interessadas em intermediar o gravame. À época, também foi preso o ex-diretor do Detran, Marcelo Panizzi, que estava à frente do órgão no período da suposta fraude.
Na ocasião, também foram apreendidos computadores e telefones celulares. Com base nas provas coletadas nestes aparelhos, o Gaeco pediu a quebra do sigilo de dados de diversos investigados, entre eles, de Raquel. Segundo o Gaeco, as investigações continuam e ainda não há previsão de quando será formalizada uma denúncia à justiça.
Na última sexta-feira (6), o Ministério Público cumpriu seis mandados de busca e apreensão em residências em Brasília como parte da Operação Taxa Alta.
Outros lados
O Detran não quis se pronunciar sobre o caso.
A defesa de Raquel Cardoso afirma que ela está à disposição do Ministério Público para prestar esclarecimentos, e que jamais participou de ações relativas a sobretaxas para registros cobrados no Paraná.
A Infosolo afirmou que Raquel Cardoso não ocupa mais nenhum cargo na empresa. Por meio de nota, a defesa afirmou que a empresa está à disposição do MP-PR desde o início das investigações e que irá se pronunciar sobre detalhes somente nos autos do processo. A defesa afirmou ainda que “não existe sobrepreço nas taxas de registro cobradas no estado do Paraná e que não existe dinheiro público envolvido na operação”.