Aliocha Maurício / GPP |
Fernanda encontrou 12 gêneros |
Dinheiro pode fazer mal. É o que revela um estudo feito pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) com duzentas cédulas de real em circulação em Curitiba. 73,5% delas apresentaram contaminação por bactérias. Segundo o estudo, algumas podem provocar infecções intestinais e outras até pneumonia. As notas que mais apresentaram o problema foram as de R$ 1 e de R$ 5. A causa da contaminação é o manuseio intenso aliado à falta de higiene.
As cédulas são companheiras inseparáveis no dia a dia, mas o que muita gente deixa passar despercebido é que o dinheiro é uma grande fonte de contaminação. Devido à falta de higiene, as bactérias encontram um caminho fértil para se proliferar e contaminar outras pessoas. Durante um ano, a bióloga Fernanda Ribeiro Inocente coletou 200 cédulas de real sendo 50 de cada valor – R$ 1, R$ 5, R$ 10 e R$ 50. As duas de menor valor, que circulam com mais facilidade entre a população, foram as que apresentaram uma quantidade maior de bactérias. Nas de R$ 1 foram encontradas 59 tipos e nas de R$ 5, 69. Já nas de R$ 10 foram 43 tipos e nas de R$ 50, 37 bactérias diferentes.
Parte destes organismos não representam riscos a saúde, mas alguns podem provocar problemas intestinais, de pele e até doenças como a pneumonia. Fernanda comenta que foram encontradas 12 gêneros e 23 bactérias diferentes que habitam o intestino grosso e o solo, chamadas de enterobactérias. Entre elas, a Escherichia coli, que provoca infecções intestinais. Ela estava presente em 13,04% das amostras de R$ 5 e 10,11% do total.
Outras bactérias que podem causar doenças pertencem ao gênero Klebsiela. A Klebisiela pneumoniae é responsável por infecções hospitalares, os pacientes correm o risco de desenvolver pneumonia. Ela foi encontrada em 16,28% das notas de R$ 10 e atingem 7,21% se forem consideradas todas as notas. ?Um paciente que está com a imunidade baixa pode ser um alvo fácil se entrar em contato com alguém que acabou de manusear o dinheiro?, diz Fernanda.
Além das enterobactérias, a Staphylococcus aureus também foi encontrada em grande quantidade, em 18,27% de todas as amostras.
A bactéria vive no meio ambiente e também em várias partes do corpo, como as fossas nasais, garganta, intestino e pele. Ela pode causar vários tipos de infecções cutâneas como furúnculos e até casos graves de artrite e osteomielite. Além disto, o S. aureus também é responsável por intoxicações alimentares, quando as pessoas ingerem as toxinas formadas no alimento contaminado por ele. Para Fernanda, a única forma de se livrar das bactérias é não deixar sair de moda o bom e velho costume de lavar as mãos após o uso do banheiro e também antes das refeições. Ela critica ainda a forma como as praças de alimentação e alguns restaurantes funcionam. As pessoas pagam a refeição e contaminam as mãos antes de se sentarem à mesa. Um prato cheio para as bactérias.