A média mensal de multas emitidas pela Diretoria de Trânsito (Diretran) aos motoristas curitibanos que falam ao celular enquanto dirigem diminuiu em relação ao ano passado. Mas não porque essa infração está sendo menos cometida.

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Segundo o órgão, o motivo seria que, devido ao maior número de obras viárias executadas na cidade, os agentes, ocupados na organização do trânsito, estão deixando de aplicar esse tipo de multa. Assim, a média de notificações mensais, que em 2007 foi de aproximadamente 4,6 mil, caiu para cerca de 3,8 mil até setembro de 2008.

“Quando os agentes estão operando em trânsito, não têm como lavrar esses autos de infração”, observa a gerente de Operação de Trânsito da Diretran, Léa Hatschbach.

As 34 mil notificações relativas a esse tipo de infração lavradas este ano, até setembro, estão em terceiro lugar no ranking da Diretran, correspondendo a 8,2% das 415 mil multas emitidas no total. Em primeiro lugar está o excesso de velocidade, com 202 mil (48,7%) e, em segundo, o estacionamento irregular, com 74 mil (17,8%).

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Para Hatschbach, apesar da aparente diminuição no número de infrações, a incidência de motoristas dividindo a atenção entre o celular e o volante é cada vez maior.

“É só parar nos cruzamentos e olhar a situação”, diz. Ela lembra ainda que as infrações muitas vezes estão relacionadas com outras irregularidades. Diariamente, segundo a gerente, os agentes de trânsito flagram motoristas furando o sinal vermelho enquanto falam ao celular.

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As soluções para diminuir a prática, para Hatschbach, passam por campanhas educativas e punições aos infratores. Ela vê como positivo, por exemplo, um projeto de lei que tramita no Congresso Nacional, que visa a transformar a infração, que hoje é média e gera multa de R$ 85,13 e perda de quatro pontos na carteira de habilitação, em gravíssima, que acarretaria perda de sete pontos. A multa, nesse caso, iria para R$ 191,54.

Atenção

Pesquisas não faltam para justificar um maior rigor na lei. “Já foi comprovado que o uso do celular pelo motorista é até mais perigoso do que dirigir embriagado”, enfatiza a coordenadora do Núcleo de Psicologia do Trânsito da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Iara Thielen.

“O trânsito requer atenção em 100% do tempo. As ações e reações acontecem em questão de segundos, tempo em que o carro continua andando”, completa. Para ela, até o uso da função de viva-voz dos celulares deve ser evitado. “Qualquer dispositivo que desvie a atenção das pessoas é perigoso”, conclui.