O isolamento sofrido pelos moradores de Guaraqueçaba se reflete nitidamente no cotidiano da cidade. Por causa das dificuldades do acesso, qualquer tipo de produto vendido no município tem preços mais elevados em relação às demais cidades. O motivo é o valor do frete, que faz com que custo final dos produtos seja mais alto aos consumidores da cidade.

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“Aqui você encontra um pote de margarina a R$ 5 ou R$ 6. Em qualquer outra cidade você acha o mesmo produto por menos da metade desse preço. A gasolina aqui custa mais de R$ 3. E isso acontece com todo e qualquer produto que vem de fora e é vendido por aqui”, afirma o secretário do Turismo, Munir Martins.

Dona Roseli Ortiz é dona de uma pequena sorveteria na cidade e sofre com os preços altos praticados pelos fornecedores. “É quase impraticável manter um negócio em Guaraqueçaba. Os produtos são caros e eu não posso repassar para o preço final do produto porque nem todos aqui têm dinheiro pra pagar caro. As pessoas aqui não têm salários altos e não podem bancar essa diferença”, explica.

Saúde

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Além dos preços altos, quem mora em Guaraqueçaba sofre quando precisa de tratamento médico especializado. “Quando temos um caso mais grave, que precisa de tratamento especializado e de urgência percebemos o quanto estamos isolados. Sabemos de várias histórias de pessoas que morrem á caminho de um hospital melhor preparado. Quando o tempo está ruim, a situação só piora”, reclama Dona Roseli.

Barca movimentada

Além da rodovia PR-405, a outra maneira para chegar ou sair de Guaraqueçaba é através de barco. Há um sistema de barcas que fazem o trajeto duas vezes ao dia. No sentido Paranaguá, as embarcações saem em dois horários: às 7h e às 14h. Já no sentido contrário, as embarcações deixam a cidade portuária também em dois horários: às 9h e às 13h30. O trajeto leva 2h30.

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Cada viagem custa R$ 15, mas mesmo assim muitos dos guaraqueçabanos utilizam o meio de transporte para fazer comprar e resolver questões burocráticas em Paranaguá. Na última quarta-feira, Ivan Simões tinha acabado de desembarcar em Guaraqueçaba quando conversou com a reportagem. Ele foi a Paranaguá para comprar uma máquina de lavar roupas. “É o único jeito de se adquirir esse tipo de produto. Nenhuma loja vende isso por aqui e se vende é muito caro. Então temos que encarar quase cinco horas de barco para comprar eletrodomésticos. É por isso que já passou do tempo dessa estrada ser pavimentada”, alerta.

Marco André Lima
Para muitos, viagem de R$ 15 é a única alternativa.
Marco André Lima
Ivan trouxe a lava-roupas de barco.