Covid-19

Diferença entre doses de vacinas recebidas e aplicadas no Paraná é de 1,7 milhão; entenda o motivo

Vacina contra a covid-19. Foto: Divulgação/Sesa.

Desde o início da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Paraná até agora, chama a atenção os números relativos às doses já entregues pelo Ministério da Saúde e às doses de fato aplicadas no braço da população. Mas a diferença entre os dois números – que na última sexta-feira (11) chegou a mais de 1,7 milhão – tem mais de uma explicação. Para além da questão logística – do transporte das doses de Curitiba a todos os 399 municípios -, a diferença entre os números está ligada, principalmente, a duas razões: primeiro, ao atraso na atualização do sistema de informações sobre o ritmo da vacinação e, segundo, também à reserva da segunda dose. A avaliação é do secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, em entrevista à Gazeta do Povo na quinta-feira (10). Ele também reconheceu, contudo, que é necessário dar mais velocidade à campanha no Paraná.

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De acordo com o Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização (SI-PNI), operado pelo Ministério da Saúde e abastecido pelos municípios, o Paraná já recebeu 6.075.960 doses até aqui e aplicou 4.324.257 doses, o que corresponde a mais de 70% do total. Quando se considera apenas o número de doses que já foram distribuídas pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) aos municípios paranaenses – 5.340.082 –, o desempenho sobe para 80%. Mas, para o Sistema Único de Saúde (SUS), o ritmo de vacinação é considerado “bom” quando se atinge ao menos 85%.

Levantamento da Gazeta do Povo com base no SI-PNI, feito na tarde de sexta-feira (11), revela ainda que, dos 399 municípios do Paraná, 146 apresentam uma relação entre doses recebidas/doses aplicadas superior a 85%. A capital, Curitiba, fica um pouco abaixo desta marca, com desempenho de 83,9%. Os melhores desempenhos – todos acima de 95% – ficam com as cidades de Pinhal de São Bento, Capanema, Ubiratã, Maringá, Nova Esperança, São José dos Pinhais, Saudade do Iguaçu, Altamira do Paraná, Floraí, São Carlos do Ivaí, Rosário do Ivaí, Loanda, São João do Caiuá, Kaloré, Espigão Alto do Iguaçu, Terra Roxa, Guapirama, Sertaneja, Itaúna do Sul, Flor da Serra do Sul, Verê e Marilena.

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Já o pior desempenho é da cidade de Palmital, 36,9%: a Sesa encaminhou 6.387 doses ao município e 2.358 foram aplicadas até agora, de acordo com o SI-PNI. Mas, em contato com o município, a reportagem verificou que os números do sistema nacional não refletem o ritmo real da vacinação na cidade, que neste domingo (13) já começa a vacinar pessoas com 50 anos de idade. Em entrevista na sexta-feira (11), a secretária municipal da Saúde, Cheila Ribeiro, explica que o número de doses recebidas (6.387) está correto, mas que a quantidade de doses aplicadas já chegou a 4.848, superior ao exibido pelo SI-PNI (2.358). A diferença, explica ela, ocorre porque Palmital não está conseguindo encaminhar as informações sobre os vacinados de forma imediata, pois o sistema nacional “está muito lento”. “Encontramos uma lentidão bem grande na digitação das vacinas feitas. Elas não acontecem em tempo real aqui no nosso município. Elas ficam para ser digitadas durante a semana”, justifica ela.

Segundo o secretário estadual da Saúde, Beto Preto, as dificuldades para o preenchimento do SI-PNI ocorrem “no Brasil todo”. “A gente participa das reuniões do Conass [Conselho Nacional de Secretários de Saúde] e nós temos todos os dias este tipo de discussão no grupo. Então eu acredito fortemente nisso, que nós temos um quantitativo de doses que já foi administrado e ainda não foi lançado [no sistema nacional]”, afirmou ele.

Em relação à diferença entre doses recebidas do Ministério da Saúde e que ainda não foram distribuídas pela Sesa aos municípios (735.878 doses nesta sexta-feira), Beto Preto afirma que a maior parte se refere à reserva para segunda dose. Ao longo da campanha de imunização, o Ministério da Saúde já deu orientações diferentes em relação à segunda dose – chegou a autorizar a utilização da segunda dose para fazer a primeira aplicação, o que agilizaria a vacinação, mas, na sequência, recuou, diante da possibilidade de não ter doses suficientes para garantir a segunda aplicação de todos no tempo adequado. “Nós não estamos estocando doses. A maior parte do que tem no Cemepar hoje são segundas doses, que serão encaminhadas aos municípios no momento certo, e também as doses da reserva técnica”, afirmou ele.

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Os aviões com as vacinas encaminhadas pelo Ministério da Saúde chegam no Aeroporto Internacional Afonso Pensa, em São José dos Pinhais, e as doses imediatamente seguem para o Cemepar, o Centro de Medicamentos do Paraná, que fica em Curitiba. Lá, elas começam a ser separadas para envio às 22 regionais de Saúde, que depois repassam para os seus respectivos municípios.

Na quinta-feira (10), em entrevista à Gazeta, Beto Preto admitiu, contudo, que a definição sobre as quantidades de doses para cada município “tem demorado mais ultimamente”. São feitos cálculos a partir de estimativas dos grupos populacionais que devem receber as doses e há permanentes ajustes – já que há estimativas às vezes subdimensionadas ou superdimensionadas. “A gente sempre faz esta pactuação de doses com o conselho dos secretários municipais. Agora, por exemplo, estamos discutindo a recomposição de doses para aqueles municípios que fizeram a reserva da segunda dose. Tínhamos repassado mais doses [de forma emergencial] para os municípios que usaram a segunda dose como primeira dose e depois ficaram sem doses para concluir o esquema vacinal. 204 municípios fizeram isso. Agora vamos compensar os demais, que devidamente guardaram a segunda dose”, comentou ele.

Na sexta-feira (11), Beto Preto e o governador do Paraná, Carlos Massa Ratinho Junior (PSD), fizeram uma reunião virtual com os chefes das 22 regionais de Saúde para cobrar ações que possam diminuir o tempo entre a distribuição do imunizante e a aplicação no braço da população. “Não podemos deixar passar o fim de semana, sábado, domingo, feriado. O momento é de realizar uma força-tarefa para vencermos logo essa pandemia. A velocidade da vacinação está baixa diante das equipes e condições que nós temos”, afirmou Ratinho Junior, de acordo com a Agência Estadual de Notícias, órgão oficial de comunicação do governo paranaense.


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