Com a proximidade do dia 2 de abril, determinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, estão programadas várias ações em Curitiba, assim como ocorre em outras cidades no mundo todo.

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De acordo com a Associação União de Pais pelo Autismo (Uppa), as ações fazem parte do movimento mundial “Light it up blue”, ou “Acenda a luz azul”, para chamar a atenção para o transtorno que, apesar de sua gravidade, ainda é muito pouco diagnosticado. Em Curitiba a estufa do Jardim Botânico e a torre da RPCTV devem ser iluminadas de azul.

O objetivo é conscientizar a população e governantes a respeito do autismo, que atinge 1% da população mundial segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e que é mais comum em meninos do que em meninas, na proporção de 5 para 1 (por isso a cor azul foi reconhecida mundialmente como a cor do autismo).

Homenagem aos voluntários

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A primeira ação será na próxima segunda-feira (30), às 8h, quando pais da associação levarão flores aos médicos e outros profissionais da saúde que atendem crianças com autismo e suas famílias de forma voluntária no Centro de Neuropediatria do Hospital de Clínicas (CENEP), Rua Floriano Essenfelder, 81, Alto da Glória. Lá serão recebidos pelo neuropediatra Sérgio Antoniuk.

Intervenção artística

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Ainda dia 30, a partir das 20h o artista curitibano Fúlvio Pacheco fará uma intervenção artística com pintura com o tema autismo nas paredes de vidro do Café Terra Verdi, localizado no Shopping Itália (R. Mal. Deodoro, 630 Loja 66). Fúlvio é quadrinista, autor de revistas em quadrinhos e idealizador e coordenador do projeto EduCultura, da Secretaria Municipal de Educação. E é pai de um garoto com autismo, Murilo.

Ação no Encantar

No dia 31, terça-feira, às 10h30 os membros da associação iniciam uma ação no Ambulatório Enccantar, inaugurado pela prefeitura no fim do ano passado para atendimento de crianças com autismo e também aquelas que sofreram violência ou abuso. Além da entrega de flores azuis, haverá distribuição de folhetos e de lacinhos azuis e a fachada do ambulatório será enfeitada com balões e flores azuis.

Além do agradecimento pela criação do ambulatório, reivindicação antiga das famílias que buscaram o Ministério Público pela falta de atendimento especializado ao autismo na cidade, familiares e integrantes da União de Pais pelo Autismo (Uppa), apoiados também pela presença da associação Aampara e do Instituto Zeca Mugiatti, irão solicitar mais vagas para atendimento, melhor capacitação para profissionais da saúde e um espaço que atenda também adultos com autismo. O Enccantar fica na Alameda Prudente de Moraes, 463 Centro.

Documentário

Ainda dia 31, a partir das 19h30, o documentário sobre autismo “Um só Mundo” (24 min) será exibido no Café Terra Verdi, seguido de bate-papo com a diretora Adriana Czelusniak, que é mãe de um garoto com autismo, Gabriel. O café está  localizado no Shopping Itália (R. Mal. Deodoro, 630 Loja 66). Durante todo o dia no espaço haverá a distribuição de fitinhas azuis e folhetos sobre autismo.

Dia 4 de abril (sábado) a Aampara lidera ação de conscientização das 9 às 13 horas na Boca Maldita, Rua das Flores, Centro.

Entre os dias 24 e 27 de abril a Uppa em parceria com o Centro Conviver (especializado em autismo), Aampara, Prefeitura de Curitiba, Rotary e Rotaract promovem eventos e capacitação em autismo para profissionais da saúde, da educação e familiares. Os eventos ocorrem no Salão de Atos do Parque Barigui e na Faculdade Opet.

Fique por dentro

O que é autismo?

É um transtorno do desenvolvimento, chamado de Transtorno do Espectro Autista (TEA), cujos sinais surgem antes dos três anos de idade. Os três principais sintomas são: problemas com a linguagem, na interação social e no comportamento (que é restrito e repetitivo).

Incidência

O autismo atinge mais os meninos, com uma proporção de cerca de cinco casos entre eles para um entre meninas. Estima-se que em cada 88 nascimentos, ao menos um bebê apresente algum grau de autismo.

Diagnóstico

A identificação precoce precisa ser feita o mais depressa possível para que crianças com autismo possam ter acesso a ações e programas de intervenção com melhores resultados. Os casos em que há suspeita de autismo na infância devem ser analisados

principalmente por neuropediatras ou psiquiatras infantis.

Sinais

Confira características comuns em crianças com autismo:

Motores:

– Correr de um lado para o outro, bater palmas ou chacoalhar as mãos para cima e para baixo (movimento chamado de flapping).

– Têm ações atípicas repetitivas, como alinhar/empilhar brinquedos, observar objetos aproximando-se muito deles, prestar atenção exagerada a certos detalhes de um brinquedo;

– Dificuldade de se aninhar no colo dos cuidadores ou extrema sensibilidade em momentos de desconforto.

Sensoriais:

– É comum o hábito de cheirar ou lamber objetos; sensibilidade exagerada a determinados sons (como liquidificador ou secador de cabelos), insistência visual em detalhes de objetos ou naqueles que têm luzes que piscam e/ou emitem barulhos, bem como nas partes que giram (como ventiladores).

Rotinas:

– Há tendência a rotinas ritualizadas e rígidas e as mudanças podem desencadear crises de choro, gritos ou manifestações intensas.

– Algumas crianças, por exemplo, só bebem algo se usarem sempre o mesmo copo; outras exigem que os alimentos estejam dispostos no prato sempre da mesma forma. Ou querem sentar-se sempre no mesmo lugar ou assistir apenas a um mesmo DVD.

Fala:

– Muitos repetem palavras que acabaram de ouvir, imitam falas ou “slogans/vinhetas” que ouviram na televisão sem sentido contextual.

– Pode haver características peculiares na entonação e no volume da voz.

– Algumas crianças com autismo deixam de falar e perdem certas habilidades sociais já adquiridas entre um e dois anos de idade de forma gradual ou súbita.

– Dificuldade de encontrar formas de expressar diferentes sentimentos, preferências e vontades.

Família

O cuidado da pessoa com autismo exige da família extensos e permanentes períodos de dedicação, o que prejudica o trabalho, o lazer e até os cuidados da saúde de membros da família. Isto significa que pais e cuidadores também precisam de espaços de escuta e acolhimento, de orientação e de cuidados terapêuticos.

Adultos com autismo

Ainda que a intervenção precoce e intensiva traga imensos ganhos para o indivíduo com autismo e suas famílias, muitas das dificuldades vividas os acompanham até a vida adulta. No caso do adulto ou idoso, o foco do atendimento deve se voltar à integração e acesso aos serviços, à comunidade, à inserção no mercado de trabalho e ao lazer, visando o máximo de autonomia e independência nas atividades da vida cotidiana.

Fonte: União de Pais pelo Autismo (Uppa) com Manual de Diretrizes de Atenção à Pessoa com Transtornos do Espectro do Autismo (TEA), do Ministério da Saúde.

Ação da Uppa no estádio do Couto Pereira em dezembro passado:
no Brasil estima-se que existam 2 milhões de autistas.