Foto: João de Noronha/O Estado

 Glauco Requião diz que os rios da capital estão muito castigados.

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A Lei Estadual número 11.275, de 1995, criou no calendário de eventos do Paraná o Dia do Rio, a ser comemorado hoje. Mas parece que nem todos os órgãos do governo estadual sabem disso. A Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) comemorou a data ontem. Para a autarquia, o dia obedece o calendário da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ministério do Meio Ambiente. Consultado pela reportagem, a assessoria do órgão informou que a comemoração não existe em esfera federal. O mistério em torno da data aumentou quando a reportagem teve acesso a um calendário de mesa da SRH que destaca o dia 23 como Dia do Rio. Ninguém soube explicar o motivo.

Pernambuco e Mato Grosso do Sul já têm leis estaduais comemorando o Dia do Rio hoje. A Sanepar e muitas prefeituras do Estado seguem esse calendário. Mas basta uma rápida procura no Google para perceber que muita gente insiste em celebrar a efeméride um dia antes. ?Isso é coisa de pessoas do contra?, diz ninguém menos que o mentor da comemoração, o ambientalista Jorge Grando. Em 1991, ele sugeriu ao Rotary Clube de Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba, que criasse o Dia do Rio. O município adotou a data dois anos mais tarde. ?Isso aconteceu com diversos municípios ao longo do Rio Iguaçu, desde sua nascente, em Três Municípios, até Foz do Iguaçu?, explica. O objetivo era criar um dia de reflexão sobre a situação do rio. ?Mas o dia 24 não tem significado especial nenhum?, completa.

Pouco a comemorar

?Acredito que em dois anos teremos resultados a comemorar?, diz o diretor de pesquisa e monitoramento ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, Glauco Requião. Ele explica que os rios da capital estão muito castigados devido à falta de conscientização da população. ?A Secretaria de Obras faz a limpeza mais pesada da bacia hidrográfica na cidade. Já a do Meio Ambiente faz a catação manual. E o que tiramos dos rios é assustador: sofás, carrinho de bebê. As pessoas jogam de tudo na água?, afirma.

Segundo o diretor, no último ano, a secretaria identificou que a principal carência do setor é mesmo a falta de identidade do curitibano com os rios. ?Quase nenhum morador sabe dizer que rio passa pelo seu bairro. E quando vamos nos bairros mais carentes, as pessoas logo pedem para ?fechar os esgotos?, que são córregos que estão poluídos pela ação da comunidade?, diz. Por isso, em 2006 a Prefeitura irá criar Conselhos Locais de Meio Ambiente aproveitando a divisão das bacias hidrográficas da cidade, para criar identificação com os moradores.

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Sobre o antigo problema da coleta de esgotos, Requião explica que a secretaria está trabalhando junto com a Sanepar e os órgãos estão conseguindo diminuir o problema criando sanções para quem não se adequar à legislação ambiental. ?Além de multas, a pessoa não consegue Certificado de Vistoria de Conclusão de Obra se não estiver com o sistema em ordem?.

Para comemorar o Dia do Rio, a Sanepar iniciou o plantio de 80 mil mudas de árvores nativas para recomposição da mata ciliar nas margens da Represa do Iraí e do Rio Timbú. O evento aconteceu no Parque Newton Freire Maia, em Pinhais e vai promover a Feira Solidária na sua sede.

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