A incerteza sobre a duração da paralisação dos ônibus fez com que muitos trabalhadores e estabelecimentos comerciais encerrassem o expediente mais cedo ontem. No Centro, por volta das 14h30, filas comuns no horário das 18h retratavam o desdobramento do Dia Nacional de Lutas.
Na fila da linha Barreirinha, o assistente contábil Thiago Sabadin e a recepcionista Iraíde Teixeira torciam para que o ônibus chegasse antes da interrupção do serviço. “Quem usa ônibus foi dispensado porque não dá para saber como será no final do dia”, explicou Sabadin. “Mesmo com a dispensa antecipada, dá medo de não conseguir ônibus”, acrescentou Iraíde.
Na Rua Barão do Serro Azul, o fechamento de algumas lojas influenciou na decisão de outros comerciantes, que não conseguiam prever o que daria mais prejuízo. “Metade dos funcionários foi dispensada, porque se tiver que custear táxi ou outro transporte diminui o prejuízo. Mas com tantas lojas fechando as portas, fica mais seguro suspender o turno da tarde”, explicou a proprietária da Lanchonete Pão de Queijo, Julien Dresh. O proprietário da farmácia Maxifarma, Anselmo Luis Tomadon, também aderiu ao “efeito cascata”. “O movimento já caiu, não compensa ficar com as portas abertas”, avaliou.
Perdas
O vice-presidente e coordenador do Conselho Político da Associação Comercial do Paraná (ACP), Gláucio José Geara, disse que ainda era prematuro contabilizar os prejuízos para o setor. “Estamos atentos às manifestações, mas é impossível mensurar o prejuízo que essa paralisação vai acarretar, embora seja certo que um comerciante que precisa fechar a porta deixa de faturar”, comentou.
Segundo ele, a ACP é favorável aos movimentos pacíficos da sociedade, porém classifica como política a manifestação de ontem. “Resta saber que resultados práticos vão conseguir trazer para a coletividade”, questionou. A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) explicou que não iria se pronunciar sobre os reflexos da manifestação de ontem para as empresas.