Dia de combate à exploração sexual

Amanhã é o dia nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Curitiba tem conseguido bons resultados nessa luta: o número de denúncias está aumentando desde que a Rede de Proteção foi implantada em 2002 no município. Em 2001, foram feitos catorze atendimentos durante todo o ano. Só nos primeiros seis meses de atividade da rede, subiu para 52 o número de casos apurados. Os dados de 2003 devem ficar prontos só em março de 2004.

A rede congrega todas as entidades que trabalham nessas faixas etárias, como escolas, unidades de saúde e hospitais. Quando algum profissional desses locais desconfia de algo errado, encaminha o caso para o conselho tutelar. O conselheiro tutelar que atua na Regional Matriz, Luciano Joel da Silva, explica que o trabalho de conscientização feito junto a esses órgãos tem sido o grande responsável pelo aumento das denúncias. ?Muitas vezes as pessoas próximas da família que tem o problema ficam com medo de denunciar, por isso, é importante a colaboração de quem trabalha com estas crianças e jovens?, diz.

Luciano diz que, grande parte dos casos que ocorrem com crianças até os 11 anos de idade são de abuso sexual. A grande maioria é vítima de parentes e outras pessoas próximas. Os agressores geralmente são homens. Os adolescentes são vítimas de exploração sexual e, na maioria dos casos, são meninas. Ao contrário do que muita gente imagina, não é a pobreza o principal responsável pelo problema.

?São famílias totalmente desestruturadas, sem padrão de valores e falta de afetividade?, comenta Luciano. Ele diz que muitas vezes a própria família é conivente devido ao dinheiro que recebem. ?Fica muito difícil tirá-las da atividade nesta situação?, diz o conselheiro. Por outro lado, quando a família é contra, colabora para ajudar as jovens. ?Temos um caso em que a moça fez cursos nos ofícios da Prefeitura e arranjou emprego?, diz.

Qualquer tipo de violência pode ser denunciado para o conselho tutelar, que investiga o caso e conforme a gravidade, aciona o Ministério Público e o Juizado da Infância e Juventude. No primeiro semestre de 2002 foram atendidos 356 casos de violência, sendo 141 de abandono e negligência, 99 de agressão física, 59 de violência psicológica e 52 de abuso sexual. O conselho encaminha as vítimas para atendimento psicológico, de saúde e, se necessário, outros também. Para Luciano, mesmo com a rede, ainda existem muitos casos que não estão sendo denunciados, sendo necessário a participação da sociedade. ?O abuso e a exploração sexual acabam com a auto-estima da criança e do adolescente. Eles vão ser pessoas retraídas, de difícil socialização?, afirma o conselheiro.

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