Como reflexo do mau tempo e dos problemas em Congonhas, o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, teve um dia tumultuado. Dos mais de 50 vôos previstos para até as 15h de ontem, segundo a Infraero, 59% sofreram atrasos superiores a uma hora e mais de 17% foram cancelados.
O administrador Luciano Arias Neto chegou ontem a Curitiba vindo de São Paulo. Iria pegar um avião em Congonhas às 8h. Ao fazer o check-in foi informado de que o vôo estava cancelado devido ao mau tempo. Foi recolocado em outra aeronave às 9h30. Esperou dentro do avião até a decolagem, por volta das 14h30, aterrissando na capital paranaense 50 minutos mais tarde.
Se tivesse saído de ônibus de São Paulo na mesma hora em que chegou a Congonhas, teria economizado quase quatro horas de viagem. Mas em vez da esperada irritação, falou à reportagem de O Estado com uma calma de espantar. ?Acho que mesmo com toda essa bagunça as pessoas estão pacientes. Vai ver ainda é comoção devido ao acidente da semana passada?, especula.
Foto: Anderson Tozato |
Mauro: ?Noite em hotel?. |
Mauro Zangare, técnico em planejamento, aguardava no saguão do Afonso Pena um vôo para Porto Alegre, que deveria ter saído às 12h25 e estava com previsão de decolagem para 17h50. ?Estou indo a Montevidéu e o avião deve sair de Porto Alegre às 17h. Provavelmente passarei a noite em um hotel e só viajarei no outro dia?, relata.
Mesmo assim, também não mostrava revolta. ?Acho que não adianta ficar gritando com o pessoal no balcão da companhia. Isso só deixa as coisas mais estressantes e propensas a erros e acidentes?, opina.
Porém, aguardar calmamente não era unanimidade. A delegação do Palmeiras levava na bagagem, além da derrota para o Paraná Clube, na Vila Capanema, no domingo, a angústia de precisar pousar em São Paulo. ?Voltaríamos no domingo mesmo, mas ninguém no time se sentiu à vontade para voltar por Congonhas. Mudamos as passagens para voltar por Guarulhos e perdemos um dia inteiro de treinamento?, conta o treinador Caio Júnior.
Protesto e identificação
O saguão do Afonso Pena também foi palco ontem de uma manifestação em solidariedade às vítimas do acidente da TAM. Os manifestantes realizaram uma oração para as vítimas da tragédia, que completa hoje uma semana.
Até o fechamento desta edição, continuavam sem identificação os corpos dos paranaenses Gustavo Pereira Rodrigues, Zenilda Otília dos Santos, Emerson Freitag, Eduardo Mancia e Soraya Charara.