O audacioso projeto da Prefeitura de Curitiba de desvio do fluxo pesado de caminhões do trecho urbano da BR-116 (agora é denominado BR-476) continua gerando reflexos. Ao passo que a população vive a expectativa da urbanização da região, com a criação de um novo eixo viário, proprietários de imóveis da região colhem prejuízos.
Até a abertura do contorno leste, o trecho urbano da BR-476 tinha um fluxo considerável de caminhões, pois era passagem obrigatória na ligação entre São Paulo com o Sul do Brasil. Com o trânsito desse tipo de veículo, a região recebeu barracões de grandes empresas, que as usavam como depósito de mercadorias, facilitando o transporte, e de garagens. Com a interrupção do fluxo de caminhões pesados, os barracões já não têm a mesma serventia e estão sendo abandonados. Quem passa pela região, facilmente identifica placas de venda ou locação na frente desses imóveis.
Segundo o vice-presidente de desenvolvimento do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação, Administração, Incorporação e Loteamentos de Imóveis e dos Edifícios em Condomínios Residenciais e Comerciais do Paraná (Secovi-PR), Maurício Moritiz, o desvio viário realmente prejudicou os proprietários desse tipo de imóvel. ?São muitas as queixas. Alguns proprietários se desfizeram antes da interrupção do fluxo pesado, mas os que mantêm os imóveis, não conseguem vender ou alugar. O prejuízo é certo e grande?, afirma. Com a desocupação, os barracões ficam abandonados e passam a ser alvos de vândalos, podendo ainda ser ocupados por andarilhos. Além do prejuízo nas instalações, os proprietários continuam pagando o mesmo valor no Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), já que o imóvel, na escritura, é o mesmo.
Apesar da constatação do prejuízo, Moritiz está consciente que o único remédio para a situação é esperar a implantação do novo projeto urbanístico na região e a definição da nova vocação comercial e residencial do eixo.
Apesar de defender os proprietários de imóveis, Moritiz aceita o processo de urbanização da região como natural, uma vez que está diretamente ligado ao crescimento de Curitiba. ?É a ordem natural das coisas, mesmo que traga prejuízos. A lamentar, temos apenas a demora para a execução das obras, o que desvalorizou consideravelmente a região, hoje praticamente abandonada.?
Prefeitura reconhece dificuldades
A Prefeitura de Curitiba reconhece as dificuldades dos proprietários de imóveis na BR-476 e vive a expectativa de começar a solucionar o problema imobiliário da região no máximo em janeiro do próximo ano. Com o atraso do repasse da verba do Banco Interamericano, o início das obras do novo eixo urbano foi retardado.
Entretanto, o diretor da unidade técnica de gerenciamento de obras do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), Mário Toukimi, garante que o projeto está prestes a sair do papel. ?Esperamos que a licitação seja aberta no máximo em julho. Faltam pequenos detalhes para implantação do projeto de urbanização na região?, garante. Com a revitalização, os barracões devem dar lugar a outros tipos de instalações comerciais ou residenciais.
Enquanto as obras não começam, a região está aparentemente descuidada, desde que o desvio do fluxo de caminhões pesados foi feito. A Prefeitura se mostrou ciente do problema e garante que já está trabalhando para, por ora, deixar o trecho ao menos transitável. ?A operação tapa-buraco deixará a rodovia pelo menos razoável e já temos equipes trabalhando há 40 dias com a roçada, para tirar a vegetação. A demora aconteceu em função da dificuldade para liberação de recursos?, explicou o diretor da Secretaria Municipal do Governo, Omar Sabag Filho.
Ele garantiu que além desses serviços, a Prefeitura montou uma equipe para trabalhar na desobstrução das galerias, com objetivo de melhorar o fluxo de esgotos e garantiu que a Secretaria de Obras Públicas vai resolver o problema de iluminação da região, repondo o cabeamento elétrico furtado. ?Não vamos abandonar a região?, completou Sabag. (GR)