O desvio da linha férrea que corta 12 bairros em Curitiba para Região Metropolitana foi discutido em uma reunião pública na última quinta-feira. Participaram representantes das prefeituras da região metropolitana, organizações não-governamentais e moradores dos municípios de Almirante Tamandaré, Campo Magro, Campo Largo e Araucária (cidades por onde passaria o novo traçado).
O debate com a comunidade faz parte do processo de Licença Ambiental que está sendo realizado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), o EIA-RIMA (estudo e relatório de impacto ambiental). No entanto este foi apenas o primeiro contato, já que as audiências públicas oficiais devem ser marcadas no início do próximo ano. Os moradores dos municípios envolvidos e ambientalistas são contra a alteração do traçado porque ele vai cortar duas áreas de preservação ambiental, a Represa do Passaúna e do Rio Verde. O diretor executivo da Fundação Ângelo Cretã, Joel Carlos Srnick, afirma que cargas tóxicas podem atingir as represas e Curitiba e região vão ter problemas de abastecimento. “Sem contar que a legislação ambiental protege estas áreas”, diz.
Segundo coordenadora do EIA-RIMA, a bióloga Gisele Sessegola, uma das condições para o licenciamento ambiental é a fiscalização efetiva dos órgãos ambientais durante a execução das obras e após a implantação do novo traçado.
Entre as medidas compensatórias previstas no EIA-RIMA, estão a proibição do transporte de produtos que possam contaminar o meio ambiente, o desvio de áreas de mata nativa, a drenagem do solo (para evitar assoreamentos e erosões) e o esclarecimento à população atingida, por meio de campanhas de comunicação social.
Os trilhos atravessam 12 bairros da cidade (Rebouças, Jardim Botânico, Cristo Rei, Alto da XV, Hugo Lange, Cabral, Bacacheri, Boa Vista, São Lourenço, Barrerinha, Abranches e Cachoeira) num traçado que inclui algumas das áreas de maior adensamento da cidade e alcança uma população estimada em 150 mil pessoas.