Foto: Daniel Derevecki |
Proprietário da área diz que vai recorrer na Justiça. continua após a publicidade |
O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) autuou uma proprietária de terras do litoral por corte de mata nativa na região da Barroca, entre os municípios de Morretes e Antonina. Ela teria autorização para cortar apenas áreas de vegetação em estágio inicial de desenvolvimento o que é previsto conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) – mas, segundo o IAP, avançou a derrubada para partes onde havia mata de médio desenvolvimento, o que é proibido. O marido da proprietária, o ex-deputado estadual João Olivir Gabardo, que é responsável pelas terras e respondeu pelo caso, não concorda com a multa e diz que vai recorrer na Justiça.
Parte da propriedade, que tem cerca de 90 hectares, consistia em uma antiga área de pastagens. ?Concedemos a autorização para que fizesse o corte em seis hectares, pois esta era a área passível de desmate?, afirma o chefe do IAP em Morretes, Constantino Stopinski Filho. Segundo ele, porém, denúncias deram conta de que matas que não poderiam ser cortadas estariam incluídas no corte. ?Vistoriamos a área e confirmamos, pelas toras, que correspondiam a árvores em estágio de desenvolvimento?, explica.
O IAP embargou a madeira cortada (cerca de 130 metros cúbicos) e multou o fazendeiro em R$ 3 mil. De acordo com levantamentos do instituto, a área desmatada de forma irregular corresponde a 1,1 hectare, conforme cálculos feitos via GPS. ?Agora temos de fazer um levantamento do que foi cortado de forma legal e ilegal?, diz Stopinski. Após a triagem, a madeira da área cortada deve ser apreendida.
As perdas ambientais, porém, não são facilmente repostas. Segundo o chefe do IAP, o proprietário terá de fazer o replantio de mudas nativas. ?Para o litoral, nas circunstâncias atuais, cortar 1,1 hectare de mata neste estágio é significativo, já que é esta etapa que prepara o ambiente para a regeneração de palmito nativo, lianas (cipós), bromélias e animais. É como se fosse um aborto, pois as riquezas da floresta estão em formação.?
O responsável pelas terras, João Olivir Gabardo, discorda da autuação e afirma que o corte inadequado aconteceu porque o tratorista encomendado para fazer a limpeza errou na hora de seguir o mapa indicando o corte. ?O trator derrubou as árvores em cima da estrada (que marcava o limite do desmate) e, na tentativa de removê-las para o lado, acabou derrubando árvores grandes?, defende. ?Eu inclusive não deixei tirar os 6 hectares inteiros com medo de haver problemas?. Ainda segundo Gabardo, um cálculo inicial dava conta de que a área era menor, com cerca de meio hectare.