A biodiversidade da Serra do Mar do Paraná está sob ameaça. Esta semana, o site Alta Montanha (www.altamontanha.com), desenvolvido por um grupo de montanhistas do Estado, denunciou a presença constante de madeireiros e caçadores no Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange e nos parques estaduais do Pico Paraná, da Serra da Baitaca e do Marumbi.
“Há alguns dias, um colega montanhista (que por questões de segurança prefere não ser identificado, pois mora na região litorânea) estava no parque Saint-Hilaire, saiu um pouco de sua trilha normal e acabou chegando a um acampamento de madeireiros. Estes, quando o viram, fugiram. Porém, estavam armados e voltaram em seguida. O montanhista conseguiu ir embora sem ser novamente percebido, mas teve tempo de flagrar exploração ilegal de madeira”, conta o geógrafo, montanhista e diretor de escalada da Federação Paranaense de Montanhismo, Pedro Hauck.
O problema, segundo o também montanhista e responsável pelo site Alta Montanha, Hilton Benke, não é recente. É comum entre os montanhistas encontrar vestígios de caça e atividade extrativista na região da serra.
“Encontramos várias trilhas paralelas abertas por caçadores e madeireiros, que muitas vezes nos confundem com policiais da Força Verde ou integrantes do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e temem nossa presença. Alguns ativistas reclamam que os montanhistas estragam as montanhas ao realizarem caminhadas. Porém, somos nós que estamos flagrando a destruição da floresta”, afirma.
Os caçadores em atividade na Serra do Mar geralmente estão atrás de animais silvestres para comercialização, como o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis), ameaçado de extinção. Já os madeireiros buscam principalmente o palmito, imbuia, canela e peroba, árvores consideradas de crescimento lento.
“A maioria da população não sabe o que está acontecendo na Serra do Mar. Porém, se não alertarmos sobre o problema e se alguma coisa não for feita para solucioná-lo, logo não teremos mais montanhas. Há um ano e meio, chegamos até a encontrar uma pista de motocross na região da Serra do Mar”, comenta Benke.
Na opinião do montanhista Pedro Hauck, para que a caça e o extrativismo deixem de ser realizados no local é preciso que o parque nacional e os parques estaduais sejam realmente efetivados.
“Hoje, os parque existem apenas no papel. Não têm infraestrutura e contam com poucos funcionários. Com isso, não sabemos, por exemplo, se as pessoas que desenvolvem atividade extrativista atuam por conta própria ou se existem outras pessoas por trás”, declara.
O chefe do Parque Nacional Saint-Hilaire/Lange, Rogério Florenzano Júnior, recebeu a denúncia da existência do acampamento de madeireiros por parte do montanhista e garante que vem trabalhando em parceria com o Batalhão de Polícia Ambiental Força Verde para combater atividades ilegais.
Já o IAP informa que mantém equipes de fiscalização dentro das unidades de conservação e que, para situações tidas como de maior gravidade, também conta com o apoio da Força Verde.
Segundo o capitão da Força Verde César Lestechen, o monitoramento a pé é feito de forma constante na Serra do Mar. Porém, a fiscalização na região é intensificada quando surgem denúncias.
A presença de caçadores e madeireiros, principalmente palmiteiros, na região litorânea, é conhecida. “No último fim de semana, prendemos caçadores e palmiteiros, assim como espingardas, em Guaratuba”, revela.
Pedro Hauck |
---|
Descarte de cartuchos de balas na Serra, da Graciosa: indício de caça. |