Atenção

Deslizamento de terra bloqueia pista da BR-376

Um novo deslizamento de terra bloqueou a BR-376, no sentido Paraná – Santa Catarina, na manhã de ontem. A queda da barreira ocorreu no quilômetro 663, no limite entre os municípios de Tijucas dos Sul, Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e Guaratuba, litoral do Estado. O sentido oposto da rodovia não foi afetado e não houve vítimas.

Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a pista deve ser liberada ainda hoje ou, conforme as condições do tempo, amanhã. Já a Autopista Litoral Sul, concessionária que administra o trecho, estimava liberar a rodovia ainda na noite de ontem.

Para não atrapalhar a viagem, a PRF improvisou, na tarde de ontem, um desvio de sete quilômetros em pista simples pelo sentido norte da BR-376, a partir do quilômetro 657, em Tijucas do Sul.

Na semana passada, vários deslizamentos acometeram a BR-376. A rodovia chegou a ficar interditada totalmente no quilômetro 684 entre os dias 24 e 26 de novembro.

Somente na última sexta-feira é que a estrada foi totalmente liberada. A BR-101, continuação da 376, em Santa Catarina, ainda está operando em meia pista, sem previsão para conclusão das obras de reparo na rodovia.

De acordo com o inspetor da PRF Maurício Hugolino Trevisan, a queda da barreira criou um congestionamento de quatro quilômetros. Os motoristas que ficaram presos no engarrafamento foram orientados a voltar pela própria pista até o posto da PRF, no quilômetro 657. No desvio em pista simples improvisado pela PRF para fluir o tráfego, os veículos andavam lentamente, o que também gerou uma fila de 10 quilômetros. Segundo o inspetor, a liberação do tráfego no local só vai ocorrer depois de feita uma avaliação técnica para verificar as condições da rodovia e da estabilidade da encosta.

Trevisan pede que os motoristas continuem a evitar a viagem pela 376. A alternativa orientada por ele é utilizar a BR-116 até o município de São Bento do Sul, já em Santa Catarina, e de lá pegar a BR-101. Outra dica é viajar pela BR-277, em direção às praias, pegar o ferryboat entre Matinhos e Guaratuba e seguir pela PR-412 em direção a Garuva.

A Autopista Litoral Sul deslocou ainda ontem uma equipe para fazer os trabalhos de retirada de terra da estrada. Quinze veículos, entre caminhões e retroescavadeiras, atuavam ontem no local para fazer a liberação o mais rápido possível.

Região seria propensa a esse tipo de incidente

“A região onde está localizada a BR-376 é propícia a essas quedas de barreira. O solo, síltico-argiloso, sofre muito com o intemperismo intenso do local e o resultado é que acaba se movimentando.”

A explicação para o que vem acontecendo em decorrência das chuvas na rodovia é do professor do departamento de Geologia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Renato Eugênio de Lima. Segundo ele, o fato de alguns pontos que margeiam a rodovia serem de alta declividade facilita para que o solo espesso da região perca coerência e deslize.

O professor explica que o problema se agrava ainda mais devido aos cortes realizados para construção das estradas localizadas na Serra do Mar. De acordo com Eugênio de Lima, os barrancos formados por esses cortes não são muito estáveis. “Isso facilita os deslizamentos de terra porque o calço daquele encosto foi retirado. Com isso, o lugar fica sujeito a esse tipo de incidente”, justifica.

O pesquisador informa que o ideal seria realizar um estudo de favorabilidade e movimento de massas gravitacionais na rodovia. Isso apontaria, segundo ele, as áreas mais suscetíveis a deslizamentos de terra. “Assim, ficaria mais fácil tomar as medidas necessárias”, afirma.

Investimento

Para o engenheiro civil e professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) Luiz Russo Neto, o fato de a estrada estar em um maciço não muito instável,, associado às fortes chuvas, ocasionou os problemas registrados nos últimos dias na BR-376.

Para poder resolver a situação no local, deverá haver, segundo o engenheiro civil, muito investimento por parte da concessionária responsável pela rodovia – a Autopista Litoral Sul.

“Tem que ser feito um trabalho multidisciplinar no local. Não adiantaria, por exemplo, fazer apenas uma dragagem do lençol freático da região, porque há muito mais a ser realizado”, finaliza.

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