Desinformação impede os transplantes de medula

Atualmente são cerca de 10 mil brasileiros vítimas de leucemia em tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Eles precisam ou podem vir a precisar de um transplante de medula óssea, encontrada no interior dos ossos e produz os componentes do sangue, incluindo as células brancas, agentes do sistema de defesa do organismo.

Encontrar um doador de medula compatível costuma ser muito difícil. Geralmente a compatibilidade é maior entre irmãos, e ainda assim as chances de um irmão ser compatível com o outro são de apenas 25%. Porém, muitas vezes, o paciente acaba dependendo de um doador não aparentado. As chances de encontrar esse doador pode variar de uma em mil até uma em um milhão.

Para identificar um possível doador não aparentado, os médicos costumam recorrer a um banco de dados que contém o nome de todas as pessoas cadastradas ao Registro Nacional de Doador Voluntários de Medula Óssea (Redome). Nos EUA, existem cerca de 4 milhões de doadores cadastrados. No Brasil, este número ainda é bastante pequeno: cerca de 40 mil doadores.

“Por falta de informação, as pessoas acabam não se tornando doadoras de medula”, explica a bióloga do laboratório de Imunogenética e Histocompatibilidade da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Fernanda Ribas Zacarias. “Para colocar o nome no Redome, basta se dirigir a um Hemocentro, preencher um cadastro e retirar 10 ml de sangue, que é encaminhado a laboratórios credenciados pelo Ministério da Saúde. Podem ser doadoras pessoas a partir dos 18 anos de idade que, até os 55, podem ou não ser chamadas para fazer a doação.”

O possível doador passa por uma bateria de exames para que seu estado clínico seja avaliado. Não há exigências de mudanças de hábitos de vida, trabalho e alimentação. A doação consiste de um procedimento cirúrgico considerado simples. Por meio de punções e da utilização de uma seringa especial, menos de 10% de medula óssea são extraídos do osso da bacia. O procedimento geralmente é feito com anestesia local e não existem grandes riscos ao doador.

“Após 24 horas, o doador é liberado do hospital”, diz Fernanda. “No início, ele pode sentir um certo desconforto no local onde foi retirada a medula, mas nada que tenha grande representatividade diante da possibilidade de salvar uma vida. No período de 15 a 45 dias a medula do doador se regenera naturalmente, sem prejuízo algum para sua saúde.”

Em 2002, no Brasil, foram realizados 562 transplantes de medula óssea entre doadores aparentados e não aparentados. Destes, 10% foram realizados pelo Hospital de Clínicas (HC), da UFPR, em Curitiba, que é considerado o principal centro de transplantes de medula óssea do País.

Em Curitiba, quem quiser se tornar doador voluntário de medula óssea deve entrar em contato com o Hemepar, no (41) 362-2030, ou com o Hemobanco, no (41) 225-5545.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo