No Dia do Surdo-Mudo, comemorado hoje, a otorrinolaringologista Irma Drehmer faz um alerta: as pessoas que nascem no País com problemas de surdez estão destinadas também a serem mudas. Isto acontece porque os pais estão descobrindo a deficiência muito tarde e a criança, à medida que cresce, vai perdendo a capacidade de desenvolver a fala. A conseqüente dificuldade de comunicação faz com que o indivíduo fique isolado da sociedade e, quando adulto, ocupe cargos na área de produção ou trabalhos manuais. Sua capacidade intelectual fica de lado.

Segundo a especialista, dados do IBGE apontam que 2% da população brasileira possuem problemas relacionados à audição. A situação não seria tão alarmante se os pais descobrissem a patologia mais cedo e o tratamento fosse iniciado logo. A especialista afirma que isto não ocorre porque falta na sociedade políticas voltadas para o problema. Ela afirma que existe poucas ONGs e projetos sociais destinados aos surdos, se comparado com a atenção dispensada à pessoas com outras necessidades especiais, como a cegueira. Deste modo circula pouca informação sobre o assunto e os pais acabam não percebendo que o filho apresenta o problema, principalmente os mais pobres.

Muitos pais só percebem a deficiência depois dos três anos de idade da criança, quando verificam que ela não está conseguindo falar. Mas nesta fase da vida, grande parte do potencial para aprender a linguagem já foi perdido. O diagnóstico nos primeiros meses já permite o uso de aparelhos e este é o período em que o tratamento traz os melhores resultados. Irma afirma que toda a criança que possui algum grau de audição tem condições de desenvolver a linguagem.

O diagnóstico precoce é importante também para preservar a capacidade de audição que a criança possui. Se ela não for estimulada pode até diminuir ou ficar totalmente surda. Se isto acontecer a comunicação vai ficar restrita à linguagem de sinais, colaborando para o isolamento porque a sociedade não esta forma de comunicação.

Sinais do problema

A especialista explica que não é muito difícil perceber se os bebês têm o problema. No primeiro mês de vida eles já reagem de modo instintivo quando portas se batem ou ouvem um apito. Também acordam com o toque do telefone. Nos meses posteriores já são capazes de reconhecer a voz da mãe e quando completam um ano, ruídos estranhos desagradáveis ou não, devem chamar sua atenção.

As crianças podem já nascer com o problema devido a má formações ou doenças que a mãe teve durante a gestação. Também pode aparecer em conseqüência de doenças e uso de medicamentos como antibióticos à base de aminoglicosídeos, após o nascimento.

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