Aedes aegypti

Depois do H1N1, dengue é a preocupação agora

Depois da pandemia do vírus H1N1, causador da nova gripe, durante o inverno deste ano, as equipes de saúde dos municípios paranaenses estão em alerta para o perigo de uma epidemia de dengue durante esses meses mais quentes e com muita umidade.

Mesmo com a redução pela metade dos casos de dengue no Paraná este ano, caindo de 14,8 mil para 7,7 mil casos, a atenção à proliferação do mosquito é total, segundo o superintendente estadual de vigilância em saúde, José Lúcio dos Santos.

“Mesmo comparado com outros estados, que estão com risco de surto de dengue, considerando nosso clima e nossa estação de chuvas, não nos sentimos nem um pouco tranquilos em relação à doença no Paraná”, diz.

Em Guaíra, município paranaense que no momento apresenta o maior índice de infestação do mosquito (veja box), a preocupação maior é com vasos, ralos e piscinas de residências.

“O mosquito da dengue é comum por aqui. Faz calor e tem chovido muito, clima propício para desenvolver a larva do mosquito. Um surto é muito fácil de acontecer, como foi no município de Santa Helena, próximo daqui”, alerta a enfermeira responsável pela vigilância epidemiológica de Guaíra, Franciele Giacomin.

Uma das principais preocupações é com o engajamento da população. “A comunidade muitas vezes fica aguardando que a gente vá e recolha os entulhos, mas não pode esperar que o agente comunitário apareça, é preciso que todos participem”, afirma.

Também na região oeste do Estado, Foz do Iguaçu tem o diferencial de ser cidade de fronteira e receber pessoas de muitas nacionalidades o ano todo. “A dengue é uma doença que precisa de atenção durante todas as épocas do ano, não apenas no verão, porque a transmissão ocorre no inverno, inclusive”, ressalta o supervisor de controle da dengue Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Foz, Eran Silva.

Os últimos dois casos do município aconteceram no inverno. Ao todo, já são 65 casos neste ano, dos quais 16 são importados de outros estados ou países. O índice de infestação praticamente dobrou, se comparado com o ano passado, quando ficou próximo de 2%.

Para tentar diminuir a proliferação do mosquito, imóveis, públicos e privados, que apresentem focos do mosquito ou descuidos estão sendo notificados. “Não podemos cobrar só da população, então estamos tentando achar os responsáveis, inclusive em prédios estaduais ou federais com problema”, afirma Silva.

Uma nova visita da vigilância sanitária é feita a cada 30 dias, de acordo com a prefeitura. “Fazemos a notificação pelo registro de imóveis, por isso, quando o proprietário for fazer a transferência do imóvel, vai ter uma grande surpresa”, completa.

Maringá, no noroeste do Paraná, é outro município que está em situação de alerta. “Temos uma grande mobilização social enraizada, mas com esse aumento no nosso índice de infestação, a preocupação voltou. Não existe zona de conforto para a dengue mesmo com a diminuição dos casos”, avalia a diretora de vigilância em saúde municipal, Rosângela Treichel.

Depois de 2007, quando Maringá registrou 5.633 casos de dengue, o ano passado terminou com apenas cerca de 1% desse total e, neste ano, já ocorreram 58 casos. “A epidemia se instala de uma semana para outra e, nesse período, o quadro epidemiológico pode se alterar da água para o vinho”, diz.

Sete municípios estão em alerta

No último índice de infestação pelo mosquito da dengue, Aedes aegypti, divulgado esta semana pelo Ministério da Saúde, sete cidades paranaenses aparecem em estado de alerta contra a dengue.

São município,s que apresentaram índice de infestação de 1% a 3,9% do total dos imóveis pesquisados com larvas do mosquito: Apucarana (1,5%), Cambé (2,4%), Foz do Iguaçu (3,8%), Guaíra (3,9%), Londrina (1%), Maringá (1,9%) e Paranavaí (3,7%).

O risco de surto de dengue aparece em municípios que têm índice superior a 4%, o que não aconteceu em nenhuma localidade do sul do Brasil, segundo o governo federal. Nas próximas semanas, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) promete divulgar o índice de cada município do Estado.

Até agora, Curitiba não teve casos locais de dengue. Na capital, foram encontrados 30 focos da doença e 157 notificados de suspeita e só seis confirmados, todos de pessoas que estiveram em viagem a áreas de risco (LC)

Aumenta o risco do tipo hemorrágico

Nesta temporada, o perigo de se ter muitos casos de dengue hemorrágica, o tipo mais preocupante da doença, é grande, de acordo com alerta da Secretaria de Estado da Saúde (Sesa).

Equipes da saúde detectaram que três subtipos da dengue (DEN 1, DEN 2 e DEN 3) estão circulando no Paraná. Isso quer dizer que uma pessoa que já teve um dos subtipos da doença pode vir a ter um dos outros dois.

“Uma dengue clássica, em alguns casos, pode ser quase assintomática, mas o organismo fica sensibilizado e, se foi infectado por um outro subtipo da dengue, pode iniciar um processo hemorrágico, pela reação exacerbada do organismo”, explica o superintendente estadual de vigilância em saúde, José Lúcio dos Santos.

Por mais que pareçam repetitivas, as orientações de não deixar objetos com água, como pratos de plantas e tampar a caixa d’água, são necessárias, segundo Santos.

“Se não lembrar, as pessoas esquecem que é um problema e que a dengue mata”, afirma. É preciso lembrar de limpar as calhas, que retêm pequenas porções de água, e ter atenção com terrenos baldios e imóveis vazios. “Ralos de banheiro, áreas de serviço que ficam com água parada e qualquer plástico que acumule água são alguns exemplos, até que não se tenha uma vacina”, lembra Santos. O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, anunciou a vacina da dengue para daqui a alguns anos.

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