Foto: Aliocha Maurício/O Estado |
Na capital, chuva caiu na tarde de ontem. Expectativa é de que umidade continue. continua após a publicidade |
Para aqueles que têm fé as preces da Novena da Chuva, realizada ontem, no Santuário Nossa Senhora do Carmo, parecem ter sido ouvidas. Curitiba amanheceu com o céu cinzento e, no início da tarde, veio a chuva tão esperada nos últimos dias. Mais do que isso, o Instituto Tecnológico Simepar registrou precipitação em todo o Paraná, o que pode amenizar os efeitos da dura estiagem que castiga o Estado desde março.
Segundo o padre Luiz Alberto Kleina, a mobilização de fiéis foi grande durante todo o dia. A estimativa é que cerca de 11 mil pessoas participaram das novenas. ?Aproveitamos as celebrações não apenas para pedir chuva, mas também ressaltar aos fiéis o quão preciosa é a água e que todos devemos economizá-la?, disse o religioso.
Crenças à parte, a realidade é que a frente fria que entrou no Paraná na última terça-feira, levando chuvas à região oeste, atingiu com força boa parte do Estado. Porém, em Curitiba e Região Metropolitana, onde a estiagem provoca uma baixa histórica nas barragens fornecedoras de água à população, o volume de precipitação ainda é baixo. Até o início da noite de ontem, havia chovido apenas 1 milímetro (mm): pouco, perto dos 40 mm esperados pela Sanepar para não ser necessária a ampliação do racionamento. ?Em compensação, em outras regiões, como em Pato Branco, choveu 80 mm. E em Palmas foi registrado o maior volume. Em 24 horas, já havia chovido 140 mm?, informou a meteorologista do Instituto Tecnológico Simepar.
Reclamações
João de Noronha/O Estado |
Pedestres tiveram que se proteger da chuva. |
Mesmo sem o anúncio, por ora, da ampliação do racionamento, alguns curitibanos têm reclamado que em suas regiões o rodízio não vem respeitando o prazo de tolerância estipulado pela Sanepar. Com a interrupção de cada grupo por 26 horas, a expectativa do retorno do fornecimento total é de 32 horas, porém algumas pessoas reclamam que a água está faltando por até dois dias.
Em um salão de beleza na República Argentina, Mara Andrade diz que o sofrimento com o racionamento é grande. ?Desde que o racionamento começou, ficamos praticamente dois dias inteiros sem água?, diz. Para resolver o problema, o estabelecimento recebeu a instalação de mais uma caixa d?água. ?Nem assim deu jeito. Estamos tendo que recorrer à água mineral para lavar o cabelo das clientes. Gastamos nos dias de racionamento dez galões?. Ela conta que chegou a consultar empresas de caminhão pipa, mas que só seria possível fechar um caminhão de 10 mil litros. ?Para encher a caixa, gastaríamos só 2 mil e teríamos que pagar R$ 160 pelos 10 mil, desperdiçando 8 mil litros?.
Para João Alfredo, que vive no Bom Retiro, o fato de morar em uma região mais alta da cidade seria justificável, não fosse o fato da água voltar sem força, praticamente dez horas depois das 22h estabelecida como limite para o retorno do abastecimento. ?É uma reclamação geral da vizinhança. Não há uma explicação plausível para o incômodo?, resume.
Arquivo/O Estado |
Luiz Kleina: ?Economia?. |
A Sanepar, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que os incidentes são pontuais e realmente estão fora do planejado, e que a empresa está pronta a investigar e a solucionar o transtorno. Hoje pela manhã, técnicos devem ir aos referidos locais para uma análise mais detalhada.
Operações
Devido a um serviço de vistoria na Estação de Tratamento de Água Iguaçu, houve paralisação total no sistema de abastecimento dos bairros Uberaba e Cajuru, inclusive a fábrica da Coca-Cola. Em São José dos Pinhais, alguns bairros também foram atingidos.