Finalmente o problema do lixão em Paranaguá vai ser resolvido. O governo do Estado e a Petrobras assinaram ontem um protocolo de intenções para a construção de um aterro sanitário na cidade. Hoje são despejados no local 109 toneladas de detritos e o material contamina o lençol freático e a Baía de Paranaguá. Na obra vão ser gastos R$ 2,6 milhões, sendo R$ 2 milhões da Petrobras e o restante do governo estadual.
Há mais de 30 anos que todo o lixo da cidade de Paranaguá e da Ilha do Mel é depositado no local. A vida útil do lixão já expirou há muito tempo, mas nada havia sido feito até agora. Segundo o secretário de Estado do Meio Ambiente, Luiz Eduardo Cheida, o lixão apresenta as piores condições do Paraná. Para lá vão detritos domésticos, industriais e até hospitalares. A área de 50 mil metros quadrados vem sendo utilizada desde 1973 e não possui tratamento adequado, causando degradação ambiental e problemas de saúde aos moradores.
Mesmo sem capacidade para receber mais lixo, o local vai continuar recebendo os materiais por mais dois anos. O cronograma de implantação do aterro prevê que a obra fique pronta só no final de 2006. De abril até novembro deste ano será feito o Estudo e o Relatório de Impacto Ambiental (EIA-Rima). O documento vai indicar a melhor área para construir o aterro e a aquisição do terreno deve ocorrer nos dois primeiros meses de 2006. Para a compra da área estão reservados R$ 100 mil. De março a junho de 2006 será elaborado o projeto de construção e em julho as obras devem começar.
Já a recuperação da área onde hoje é o lixão vai ficar a cargo da Prefeitura de Paranaguá. ?Aquilo ainda vai continuar poluindo. É preciso recuperar a área?, fala Cheida. Segundo ele, a destinação dos resíduos sólidos é de responsabilidade do poder municipal e o governo do Estado já está colaborando na construção do aterro.
A construção do aterro sanitário faz parte do Programa Desperdício Zero, desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente e que tem como meta eliminar os lixões a céu aberto existentes no Estado e reduzir em 30% o volume de lixo produzido.
Todo dia dividindo espaço com moscas e urubus
Se por um lado o lixão representa um problema para o meio ambiente e para a saúde, por outro é a fonte de renda de pelo menos 40 pessoas. Todos os dias elas vão até o local recolher o lixo para vender. O lugar apresenta um cheiro insuportável, capaz de provocar enjôo em quem chega ali pela primeira vez. Mesmo assim, não desanima os catadores que dividem espaço com as moscas e urubus. Toda vez que uma caçamba chega cheia de detritos todos correm para tentar garantir o material. Alguns nem esperam o carro parar e sobem no veículo puxando o que interessa.
Rosicler Alves, 29 anos, e o marido conseguem sustentar a família com o que tiram dali, papéis, plásticos, latinhas. ?Não tem emprego. Aqui consigo pagar a água e a luz e comprar comida?, revela.
A mãe dela, Isaltina Alves, 54 anos, também se sustenta com o que cata ali. ?Trabalhava de diarista em Curitiba, mas não conseguia pagar o aluguel??, diz. Há sete anos a família sobrevive do lixão. Rosicler gostaria que a Prefeitura criasse mais empregos para que ela pudesse abandonar a atividade.
Isabel dos Santos Martins, 33 anos, começou a freqüentar o lugar há 15 dias. ?Meu marido faz carreto e vim aqui para reforçar a renda?, conta. Ela acha que com o material que conseguiu vai ganhar uns R$ 60. Depois que o lixão fechar, não sabe como vai ajudar nas despesas. (EW)