O assédio moral vem se tornando um problema cada vez mais comum dentro das empresas brasileiras. Com base em denúncias realizadas ao Ministério Público e em delegacias regionais, a médica e doutora em Psicologia Social, Margarita Barrito, revela que, em muitos estados da Federação, a violência no ambiente de trabalho mais do que dobrou nos últimos anos.
“No Rio de Janeiro, por exemplo, os casos de assédio moral cresceram 500% de 2008 para 2009. Em São Paulo, no mesmo período, foram 350%. No Paraná, 260%. Isto é bastante preocupante e indica que os aspectos sociais relacionados ao trabalho devem ser melhor considerados”, afirma a psicóloga, que ontem proferiu uma palestra sobre o assunto no Tribunal Regional do Trabalho, em Curitiba.
O assédio moral é caracterizado pela exposição constante e repetitiva a condutas negativas e humilhações no ambiente de trabalho, criando um clima organizacional degradante, ofendendo a dignidade do funcionário e colocando em risco o seu emprego. A prática gera uma série de consequências negativas à saúde e ao bem-estar do trabalhador.
“O assédio moral leva a uma desestabilização emocional que resulta em medo, raiva e ansiedade, podendo evoluir para transtornos maiores como depressão, síndrome do pânico e até suicídio”, diz. “Recentemente, realizamos uma pesquisa com quatrocentos funcionários do sexo masculino dos setores químico, de cosméticos, plásticos e farmacêuticos e contatamos que, de cada quatro, um pensava em suicídio”.
No Brasil, as mulheres são as maiores vítimas de assédio moral, representando 64% dos casos e ainda sendo vítimas de preconceitos no decorrer da realização de suas atividades profissionais. Porém, elas costumam ter mais facilidade em expor que estão sofrendo humilhações do que os homens.
“Hoje em dia, vemos homens que chegam a chorar nas empresas, embora eles tenham uma maior dificuldade de se expressar. Isto é resultado das jornadas extensas, da carga cada vez maior de trabalho e da grande pressão que os trabalhadores têm sofrido dentro das organizações”.