Nebuloso

Denúncia dos móveis de Requião virou novela

O folhetim protagonizado por Eduardo Requião, irmão do ex-governador Roberto Requião, em relação a móveis e equipamentos retirados do Escritório de Representação do Paraná em Brasília, está se tornando uma legítima novela mexicana. Tudo foi resolvido em família, como demonstram documentos obtidos com exclusividade por O Estado.

Os registros confirmam um curioso e benevolente termo de comodato, firmado entre a empresa A.H. Duarte e Cia LTDA., que tem Ana Helena Duarte, esposa de Eduardo, como proprietária, e a Secretaria de Representação do Paraná em Brasília.

Esta produtora cedeu, por mais de um ano, diversos móveis, objetos de decoração, equipamentos de informática e edição de áudio e vídeo ao governo (pelo menos 87 itens), sem nada cobrar.

A reportagem de O Estado esteve na A.H.Duarte, que funciona na Rua Visconde de Nácar, no bairro Mercês, em Curitiba, com o nome fantasia de Scenário Produções.

Funcionários confirmaram que os objetos foram encaminhados para lá. No entanto, Ana Helena não foi encontrada para dar entrevistas e imagens não foram autorizadas pelos funcionários.

O documento obtido por O Estado mostra que os trâmites feitos por Eduardo Requião não foram comunicados ao governo do Paraná na época em que o termo foi firmado.

O termo de comodato foi feito no dia 14 de maio de 2009, enquanto que o aviso de Eduardo Requião ao governo só foi efetuado no dia 8 de fevereiro deste ano. No aviso, Eduardo cita que a TV Paraná Educativa não tinha os equipamentos disponíveis para serem encaminhados à Secretaria e, desta forma, ele solicitou que a TV apontasse quais as especificações técnicas dos equipamentos para que, ele próprio (neste caso, a empresa de sua esposa) os encaminhassem a Brasília.

No final do documento há uma relação de equipamentos retirados do escritório de Brasília pela própria TV Educativa, o que na verdade não aconteceu. Todo o frete foi feito pela empresa de transportes Granero.

Três listas

Aliás, são três as listas de móveis e equipamentos objetos do “empréstimo”. Uma delas a do próprio comodato. Outra listando equipamentos que estariam sendo devolvidos à TV Educativa. E uma terceira da empresa Granero, um inventário de bens transportados. Todas trazem itens diferentes.

Somente parte dos itens que foram levados a Brasília foram “devolvidos” à A. H. Duarte, em Curitiba (a maioria móveis), conforme o documento obtido pela reportagem. Já os equipamentos de TV ou informática (como tripé de câmera, no breaks, câmera, monitor de vídeo, ilha de edição, microfone, máquina fotográfica, entre outros) não aparecem nesta lista.

A novela em torno de Eduardo Requião começou com os primeiros móveis que estavam no Escritório em Brasília, quando ele assumiu o local. Os móveis foram retirados de lá, encaminhados ao Provopar e, em seguida, ao Museu da Sanepar.

Novos móveis (os da empresa da esposa de Eduardo) foram encaminhados para lá, juntamente com os equipamentos. Em Brasília, o Escritório funciona normalmente, mas sem tantos móveis, como era na época em que Eduardo era secretário.

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