Dentistas ajudam Ilha do Mel

De 2001 a 2003, integrantes da Ong Bombinhas Ações, Laços e Braços (Balb) desenvolveram na Ilha do Mel o projeto Melzinho na Chupeta, com atendimento odontológico integrado a cerca de 380 crianças, incluindo trabalhos de prevenção. No período, o índice de cáries, que era de 95%, foi reduzido a 75%. Hoje, o projeto está parado por falta de apoio e, no último final de semana, a equipe voltou à ilha para distribuir kits de higiene dental e aproveitou para verificar como estavam as bocas das crianças. "Nós ficamos alarmados com o que aconteceu nesses meses que ficamos longe", afirma o dentista Carlos Justo.

Das 68 crianças examinadas, 51 apresentavam doenças bucais e dessas, 36 eram casos graves. Além do problema da cárie, verificou-se outra situação. "84% das crianças têm dentes tortos e precisam de tratamento urgente de ortodontia. A maioria delas não pode pagar tratamento particular e muitas não têm dinheiro para comprar nem a escova de dente", afirma Karin Ermel, também dentista do projeto.

Os dentistas foram obrigados a deixar a ilha e atender em outra região. Porém, mesmo sem o apoio da prefeitura, o projeto ainda mantém o programa "Odontosurf", desenvolvido apenas por uma profissional voluntária, que além de estimular a prática do esporte, desenvolve trabalho de orientação e educação em higiene bucal. "Continuo porque gosto e tenho afinidade com as crianças", afirma Sabrina Franco, técnica em higiene dentária e líder do ranking profissional brasileiro de longboard.

O convênio com a prefeitura foi de maio a dezembro de 2003 – depois disso não foi renovado. "Uma das razões de não poderem renovar é porque seria montado em Brasília um posto de saúde e teria odontologia. O posto de fato foi montado, mas até hoje está sem consultório e sem dentista", afirma Justo. Mesmo em Encantadas, onde há dentista duas vezes por semana, o índice de problemas é alto: 16 de 23 crianças têm cárie em estágio crítico.

Porém, o problema não será logo resolvido. Como informa o diretor de odontologia da Prefeitura de Paranaguá, Tadami Sato, o convênio foi cortado por uma série de dificuldades apresentadas pela gestão anterior, as quais ele não tem conhecimento. "Acho muito difícil reativar esse convênio. Não sei exatamente o que acontece, só sei que há um processo no conselho municipal e está sendo investigado", explica. Sobre a falta de tratamento odontológico básico naquela parte da ilha, Sato afirma que o consultório ainda está sendo licitado, mas não haverá um profissional permanente no local.

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