Pressão alta

Demora nos atendimentos é causada pela falta de médicos

A falta de médicos e o excesso de demanda, muitas vezes de casos sem gravidade, são os principais fatores que levam os usuários a reclamar da demora para atendimento nos Centros Municipais de Urgências Médicas (CMUMs) em Curitiba. Foi o que constatou a reportagem do Paraná Online em visita às oito unidades da capital, onde ouviu funcionários e pacientes. A equipe esteve nos CMUMs Boa Vista, Cidade Industrial de Curitiba (CIC), Campo Comprido, Cajuru, Boqueirão, Sitio Cercado, Pinheirinho e Fazendinha, durante as tardes de sexta (6) e segunda-feira (9).

Enquanto o ideal apontado pela Secretaria Municipal de Saúde são dez médicos por turno, a reportagem encontrou o CMUM Pinheirinho com quatro profissionais em atendimento, sendo que a equipe já chegou a onze médicos por período no local. Cientes da falta de médicos, muitos pacientes do bairro seguem para outras unidades, como a da CIC, de onde são feitas muitas reclamações sobre a demora para o atendimento. “Aqui o quadro está completo, o que acaba sobrecarregando a demanda porque pacientes do Pinheirinho, Boqueirão e Sitio Cercado sabem disso e vêm para cá”, contou uma funcionária do CMUM CIC, que preferiu não se identificar. Outra unidade que mantém o quadro de profissionais mais completo é o CMUM Campo Comprido.

Difícil fechar escala

Muitos pacientes questionam a contratação dos novos médicos divulgada pela prefeitura, mas de acordo com o superintendente de gestão e responsável pela área de urgências médicas, Matheos Chomatas, ainda é preciso admitir mais 60 profissionais além dos 560 médicos já contratados para chegar à marca de dez atendentes por turno. “Estamos com 20 profissionais cadastrados, mas por se tratar de período eleitoral, precisamos da autorização do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) para contratá-los”, explicou. Ele reconhece os problemas para completar a escala, especialmente às segundas e sextas-feiras, que classificou como dias de “grande pressão”, além da dificuldade em encontrar os profissionais no mercado.

Até que a situação seja normalizada foi oferecida aos médicos a possibilidade de fazer hora-extra nos turnos de seis e doze horas, no valor de R$ 120,00 a hora-extra trabalhada. O pagamento pelo trabalho no turno de 12 horas é de R$ 722,00 durante o dia e de R$ 850,00 no período da noite. Para o Sindicato dos Médicos do Paraná (Simepar), a condição não é atrativa ao profissional. “O valor ainda está abaixo do que os médicos reivindicaram. Além disso, muitos estão descontentes com o trabalho, pois recebem muita pressão e as condições são ruins. Por isso a prefeitura não consegue preencher as vagas”, argumenta o sindicato.

Só 10% dos casos são emergências

Por mês passam pelos CMUMs da capital cerca de 100 mil pessoas. Diariamente, o movimento chega a picos de 20 pessoas por hora. “Mesmo com o quadro completo é inevitável o acúmulo pelo volume da demanda”, avalia a autoridade sanitária do CMUM Sítio Cercado, Tânia Maas.

A grande movimentação e demora nos CMUMs também dependem da complexidade do quadro dos usuários. De acordo com Matheos Chomatas, superintendente de gestão da prefeitura, 90% dos pacientes não apresentam situações de urgência e emergência e poderiam ser atendidos nos postos de saúde. “A recomendação é entrar no sistema de saúde pela unidade básica”, ressalta. Ele cita que muitos se dirigem aos centros em busca de atestados médicos para o trabalho ou liberação de atividades físicas em academias, ampliando ainda mais a demanda.

Para o gestor, outro fator que sobrecarrega o sistema é a grande procura pelos pacientes da região metropolitana. No CMUM Campo Comprido, por exemplo, 40% dos usuários moram  em outros munic&ia,cute;pios. “Não podemos deixar de atendê-los”, diz.

Marco André Lima
Casos em dois CMUMs.

Cadeiras de rodas sujas de sangue

Durante a visita aos CMUMs, o Paraná Online encontrou duas cadeiras de rodas sujas de sangue e que estavam em uso pelo pacientes. Os casos foram registrados nos centros do Pinheirinho e do Boa Vista.

O superintendente de gestão da prefeitura e responsável pela área de urgências médicas, Matheus Chomatas, atribui os fatos à desatenção das equipes de enfermagens, responsáveis por verificar as condições dos equipamentos. “Não se trata de falta de profissionais ou de equipamentos”, alega.

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