Já se passaram mais de 16 anos, mas os autônomos Zilda dos Reis e Valdir Ramos da Silva se lembram daquele 31 de maio de 1999 com detalhes. Foi nesse dia que a Telepar, a extinta Empresa de Telecomunicações do Paraná, demitiu 680 funcionários numa tacada só. Eles estavam na lista.
E a Justiça já constatou, em 2008, que a demissão foi indevida e condenou a empresa a reintegrá-los ao trabalho. Mas um mar de recursos jurídicos arrasta essa história anos a fio.
A última manobra tem quase dois anos, quando o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes suspendeu, via liminar, a decisão favorável aos ex-funcionários porque o valor que seria pago entre multas e custas trabalhistas comprometeria a saúde financeira da empresa.
A Telepar foi condenada em 2008 pelo Superior Tribunal de Justiça (TST), que concluiu que a demissão em massa foi discriminatória, focando funcionários com média de 40 anos, boa parte já próxima à aposentadoria.
Humilhação
Do grupo, mais de 40 já morreram. Outros temem também não testemunhar o desfecho dessa história. Valdir, que era assistente técnico de administração na Telepar, conta que “voltou a ralar” no mercado de trabalho até decidir abrir sua pequena empresa de telecomunicações e espera que o ministro revogue a suspensão pra compensar a humilhação que sentiu. “No dia que me dispensaram, chegamos pra trabalhar e as senhas dos computadores já estavam trocadas. Isso não se faz com quem serviu a empresa por 20 anos”.
Zilda, hoje aos 57 anos, era agente administrativa e lamenta que já estaria aposentada, não fosse o 31 de maio de 1999. “Fui ser secretária na empresa de manutenção de filtros de água do meu marido. Não consegui mais recolher INSS. Fiquei doente e viúva. Tive de aprender o serviço e agora, faço a manutenção dos filtros”, conta.
