Foto: Walter Alves

Material de qualidade está amontoado nos locais.

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Pelo menos seis novas alas do Hospital de Clínicas (HC) de Curitiba estão fechadas, inoperantes, por falta de funcionários. Entre elas está o setor de transplante de medula óssea infantil, que disponibiliza cinco leitos. Outras oito salas de cirurgia, dez leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal e dez de adultos também estão sem funcionamento. O diretor-geral do HC, Giovanni Loddo, diz que não há previsão de quando esses setores vão iniciar os trabalhos: tudo depende de concurso público. Para atender todas as alas, o HC teria que contratar, no mínimo, 600 novos funcionários.

O HC é o único hospital no Paraná que faz transplante de medula óssea em crianças de baixo peso. Os procedimentos vêm sendo feitos em alas conjuntas com adultos, o que, segundo Loddo, não é o ideal. ?Temos uma ala totalmente isolada, ideal para crianças, e não podemos utilizá-la porque não temos recursos humanos. Infelizmente é um absurdo?, lamenta o médico. Ele explica que o setor demanda cerca de 100 funcionários, entre médicos, enfermeiros, psicólogos e assistentes sociais. ?Tratam-se de doenças graves, de crise, de internamentos de longa duração, nas quais não podemos esquecer do atendimento às famílias também?, afirma.

A idéia, segundo Loddo, seria passar de sete transplantes de medula ao mês para 14. Sem falar na fila, que hoje chega a 45 pessoas, entre adultos e crianças. E há várias situações, segundo Loddo, nas quais já existe o doador. ?Não posso remanejar os funcionários que trabalham no setor do hospital porque eles já atendem além da conta?, declara.

Com relação às UTIs neonatal, a situação é delicada também. Loddo lembra que o HC é um hospital público que atende muitas gestantes de risco, o que, conseqüentemente, exige a existência de leitos de UTI suficientes. Nos leitos de UTI destinados a adultos, o problema também preocupa. ?Sem UTIs, não podemos fazer cirurgias. E o conceito de que a cirurgia emergencial é mais importante que a eletiva é errôneo, pois todos os pacientes merecem respeito?, diz Loddo. Paralelo a isso, várias salas de cirurgia estão fechadas, mas prontas para uso. Para se ter uma idéia da dimensão do problema, com as novas salas seria possível aumentar em 400 o número de cirurgias realizadas por mês no hospital. Hoje, o HC realiza cerca de 900 cirurgias a cada mês.

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As UTIs novas e as salas de cirurgia se localizam no prédio novo do HC, cuja construção iniciou-se em 2003. Já a ala de transplante de medula óssea infantil fica no prédio antigo. Somente nesse setor foram investidos R$ 340 mil, dinheiro doado pela sociedade civil e associações que apóiam o hospital. O último concurso realizado pelo Ministério da Educação ocorreu em 2006, quando 47 funcionários foram contratados. Porém, muitos já se aposentaram: enquanto em 2002 o HC tinha 3.402 funcionários, hoje são 3.266. Para o futuro, não há previsão de novo concurso.

Referência

O HC é referência na área de transplante de medula óssea, foi o primeiro a realizar o procedimento na América Latina, em 1979. Desde 2003, apesar das dificuldades, o hospital vem mostrando ações positivas na área de saúde: como não era reformado há 46 anos, vários setores passaram por obras e ganharam novos equipamentos, além de pintura. Antes de 2003, só havia banheiros coletivos, no corredor hoje, já existe um para cada dois quartos. 

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