Obstáculos

Deficientes ainda sofrem com emprego e acessibilidade

Cerca de 15% da população brasileira tem algum tipo de deficiência, seja ela intelectual, física, auditiva, visual, que envolva transtornos globais do desenvolvimento ou múltiplas deficiências.

Hoje, Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, uma série de eventos devem abordar assuntos ligados a direitos e dificuldades. Em Curitiba, às 8h30, a Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência irá promover uma caminhada, da praça Santos Andrade até a Boca Maldita, com o tema “A Pessoa com Deficiência tem Direitos -Respeite-os”.

“O objetivo é sensibilizar a sociedade em relação aos direitos das pessoas com deficiência. Muitas vezes, esses direitos não são respeitados porque não são conhecidos”, diz a assessora da área da pessoa com deficiência intelectual da Secretaria, Denise Moraes.

Na opinião do presidente da Associação dos Deficientes Físicos do Paraná, Mauro Nardini, nos últimos anos tem havido uma melhora progressiva no contexto de vida das pessoas com deficiência.

Isso tem ocorrido porque o tema tem sido bastante discutido junto à sociedade e porque houve a assinatura de vários decretos que visam atender às necessidades das pessoas com deficiência. Porém, muita coisa ainda deve ser melhorada.

“Acredito que a área da acessibilidade é a mais carente de soluções e que mais gera transtornos. Ela deve existir em todos os espaços públicos e privados de acesso coletivo, mas infelizmente isso ainda não acontece na maioria das cidades brasileiras”, afirma Nardini.

O estudante de Matemática Industrial da Universidade Federal do Paraná (UFPR), João Carlos Bandeira dos Santos, de 20 anos, utiliza cadeira de rodas e confirma que as dificuldades relacionadas à acessibilidade são comuns.

“Enfrento problemas todos os dias onde estudo, pois faltam rampas de acesso. No supermercado, tenho dificuldades para alcançar a máquina de cartão de crédito e, no banco, preciso de ajuda para utilizar o caixa eletrônico”, conta.

Trabalho

Depois da acessibilidade, Nardini aponta a empregabilidade como área mais problemática. A legislação preconiza que toda empresa que tenha a partir de 100 funcionários deve destinar vagas a pessoas com deficiência. Entretanto, segundo Mauro, as vagas deixam de ser preenchidas devido à falta de capacitação dos candidatos às mesmas.

“As pessoas com deficiência deixam de se capacitar não porque não querem, mas devido à falta de oportunidades, preconceito, discriminação e exclusão. Isso precisa mudar”.

Tratamentos têm avançado: Botox é uma das armas

Em relação aos tratamentos disponibilizados às pessoas com deficiência, o fisiatra médico assistente do Serviço de Reabilitação da Santa Casa de São Paulo, Eduardo de Melo Rocha, comenta que eles têm avançado bastante nos últimos anos. Um recurso muito utilizado em pessoas com deficiências físicas, por exemplo, é a toxina botulínica ou o Botox, bastante divulgado para tratamentos estéticos.

“A toxina já vem sendo utilizada há vários anos no tratamento de alguns distúrbios de movimento. Ela age como um relaxante muscular, que ajuda no tratamento de reabilitação, facilitando a fisioterapia, a terapia ocupacional e as atividades diárias do paciente. Tem efeito por quatro meses, mas pode ser aplicada em períodos maiores ou menores, e já é disponibilizada pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, informa.

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