Se os dias de frio e chuva testam a vontade de realização da maioria das pessoas, imagine enfrentar diariamente as dificuldades impostas por uma má formação óssea que impede de andar e uma deficiência visual congênita? Pois é diante desse duplo desafio, que a vendedora de cosméticos Vera Cristina dos Santos, 42 anos, coleciona conquistas e incentiva quem está ao seu redor a ser melhor a cada dia. A conclusão do curso de Marketing está a três provas de ser concretizada.

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E ela, que desde 2001 vende cosméticos, já possui em mente o próximo objetivo: conseguir um emprego na área para a qual se qualificou. Vera já sabe que assim como em tantos outros episódios de sua vida, o esforço será redobrado. “Passei pela entrevista, mas pela falta de acessibilidade em uma grande editora de Curitiba, não fui contratada”, conta.

As adaptações para incluir os portadores de necessidades especiais nem sempre envolvem altos custos. Com um programa de computador e a capacitação dos docentes, o Centro Universitário Uninter, por meio do Serviço de Inclusão e Atendimento aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (Sianee) permitiu que Vera e outro 300 alunos conseguissem aprender uma profissão. “Começamos em 2006 com dois alunos e hoje já são 300 entre os cursos presenciais e de educação a distância”, informa a coordenadora do Sianee, Leomar Marchesini.

Mesmo testemunhando várias histórias de superação, a coordenadora observou em Vera uma postura firme diante da vida. “Ela nunca fez uso da deficiência para ser poupada nas avaliações do curso e isso se reflete no restante das atividades que desempenha”, resume. Essa constatação rendeu à Vera o Prêmio Oportunidade para Mulheres, dado pelo Clube Soroptimista de Curitiba.

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Sonho é dividir uma casa com o filho

Morando há 19 anos no Instituto Paranaense de Cegos (IPC), desde que deixou Campos Novos (SC), ela sonha com o dia em poderá ter um lar para morar com o filho Elder Rodrigues, de 14 anos. “Ele está com a minha família, mas eu não posso voltar porque lá não existe como eu evoluir. Aliás, ficar sem fazer nada é a pior coisa para quem tem uma deficiência física, compromete até o desenvolvimento mental”.

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Ela se sente bastante desconfortável quando a confundem com pedintes. “Eu não quero dó. Quero um emprego e quero vender mais”. Vera já cansou de ter que pagar do próprio bolso por produtos que os compradores não pagaram ou por trocos errados dados por taxistas. “Mas enfrento tudo isso com um princípio que veio antes de ter meu filho: preciso lutar por mim mesma”. Interessados em comprar cosméticos podem fazer pedidos pelo email verinhacsantos@hotmail.com .