Foto: Aliocha Maurício

Elisa Gabriel (abaixo): ?Saímos sentindo fogo nas costas?.

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A Defesa Civil em Paranaguá fez ontem pela manhã o levantamento da destruição causada pelas explosões em dois cilindros de gás da empresa Romani S/A Indústria e Comércio de Sal, ocorrida em Paranaguá, na tarde da última sexta-feira. Pelo menos 38 residências foram danificadas e outras cinco casas ficaram totalmente destruídas pelo fogo. Dezoito pessoas estão desabrigadas, na casa de parentes – elas não quiseram ficar em abrigos oferecidos pela empresa. Os outros moradores que tiveram que deixar suas casas na hora da explosão já retornaram. Ontem à tarde, os peritos do Instituto de Criminalística de Paranaguá chegaram ao local para levantar as causas do acidente. Porém, ainda não há previsão de quando o laudo final ficará pronto.  

Só ontem pela manhã os moradores puderam ter a dimensão exata dos estragos. Hortência de Oliveira, 49 anos, olhava desolada para a sua casa totalmente destruída. ?Comigo moram seis pessoas. Estamos só com a roupa do corpo.? Ela conta que na hora da explosão estava trabalhando e o filho que trabalha na Romani ouviu as pessoas dizendo que era para correr, pois tudo ia explodir. Ele correu para casa, que fica encostada ao depósito de gás, pegou a esposa e as três crianças e saíram correndo.

Já Elisa Gabriel mora no local há três anos e também estava assustada. Ela ouviu a explosão e saiu correndo de casa com a filha. ?Saímos sentindo o fogo nas costas. Ainda não sei como a minha casa ficou. Ainda não voltei para casa?, falou.

O presidente da Associação do Conjunto Residencial Jardim Guadalupe, Marcos Costa, disse que as pessoas afetadas com a explosão vão entrar na Justiça para pedir indenização. Ele disse ainda que os moradores precisam ser deslocados para outra área. Segundo ele, a associação já teve vários encontros com a empresa para reclamar do problema da proximidade das casas, mas sempre obteve a resposta de que o local era seguro.

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O advogado da Romani S/A Indústria e Comércio de Sal, Cleverson Teixeira, disse que agora aguarda o laudo do Instituto de Criminalística, que vai apontar as causas do acidente, para tomar as providências necessárias, mas adiantou que todos os casos serão atendidos pela Romani. O advogado da Ultragaz não quis dar declaração à imprensa, mas  segundo Teixeira, estão prestando toda a assistência aos moradores.

Além dos moradores, a empresa Bunge Alimentos S/A também teve prejuízos com a explosão. Um funcionário que preferiu não se identificar disse que um navio estava sendo abastecido com farelo de soja, mas a esteira que fazia esse trabalho foi afetada quando faltavam mil quilos, das 19,6 toneladas. O navio já deveria ter seguido para a Europa, mas até ontem à tarde estava parado no Porto de Paranaguá.

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Vítimas atingidas estão em estado grave

Dois dos três funcionários da Ultragaz que ficaram gravemente feridos na explosão, continuavam internados no Hospital Evangélico, em Curitiba, ontem à tarde. José Pereira dos Santos e José Aparecido Marreiro tiveram 60% do corpo queimados. Já o funcionário da indústria, Marcos Antônio Soares, ainda estava internado no Hospital Regional do Litoral. Segundo informações do local, seu estado de saúde é estável – embora tenha queimado 17% do corpo – e aguarda vaga no Hospital Evangélico.

O diretor clínico do Hospital Evangélico, Samir Bark, explicou que Santos e Marreiro estão na UTI em coma induzido, respirando por aparelhos. Segundo ele, as queimaduras predominam na face e nas vias aéreas. ?O estado de saúde deles é muito grave, pois já consideramos um estado preocupante quando o paciente tem 15% do corpo queimados. Eles queimaram 60%?, informa.

Bark disse que agora a preocupação é com a perda da pele e com as complicações que a baixa imunidade pode trazer. ?A primeira fase do atendimento já passou. Agora temos que nos preocupar com as infecções no rim e no pulmão, principalmente.?

A Romani S/A Indústria e Comércio de Sal possui cerca de 250 funcionários. O trabalho no local é ininterrupto. Ontem, o advogado da empresa, Cleverson Teixeira, disse que assim que os peritos do Instituto de Criminalística terminassem o levantamento do local (provavelmente no final da tarde de ontem), os outros setores da empresa não afetados pelas explosões voltariam a funcionar. (EW e MA)