A Justiça decretou ontem a prisão preventiva do secretário de Finanças de Guaratuba, Paulo Roberto Jamur, por ter pago contas da prefeitura com cheques sem fundo, além de ter sustado vários deles. .
.A Justiça também determinou o bloqueio das contas municipais. O objetivo é garantir o pagamento dos servidores públicos. Até agora, só os professores receberam os salários referentes ao mês de outubro. O secretário é filho do prefeito Miguel Jamur.
A prisão preventiva foi decretada pela juíza Marisa de Freitas, da Vara Criminal de Guaratuba, enquanto que o bloqueio das contas foi determinado pela juíza Tathiana Yumi Arai Junkes, da Vara Cível.
No último dia 26 de setembro, O Estado fez uma matéria informando que o Tribunal de Contas (TC) estava analisando as contas da prefeitura. Na época, o tesoureiro, José Luiz Sari, argumentou que a história dos cheques foi armada para denegrir a imagem do atual prefeito, que era candidato à reeleição.
Porém, nos últimos dias, o Ministério Público Estadual (MPE) constatou que o problema dos cheques sem fundos era verdadeiro. O promotor Rui Riquelme Macedo diz que não chegou a calcular o tamanho da dívida, mas diz que é grande. Além disso, afirma que no último dia 31 de outubro a prefeitura estava no vermelho. Havia R$ 33 mil negativos como saldo bancário.
O promotor explica que o dinheiro que entrar a partir de agora será destinado ao pagamento dos servidores e, posteriormente, para saldar a dívida com os fornecedores e prestadores de serviço.
“Não há dúvida de que houve má gestão. Agora, se fraudulenta ou não, é outra história”, revelou. A partir de agora, a prefeitura terá que enviar um estrato bancário semanal ao MPE, que vai fazer o acompanhamento do pagamento dos salários.
A procuradora geral do município, Rosicler Regina Bonn dos Santos, disse que a prefeitura vai colocar os salários em dia para posteriormente pedir o desbloqueio das contas. Ontem pela manhã, o prefeito foi questionado em relação aos atrasos dos salários.
Segundo ele, o problema vem ocorrendo por conta do decréscimo de arrecadação da prefeitura desde o início no último mês de agosto. Entretanto, disse que a estimativa é de que tudo seja resolvido dentro de um período que pode variar de dez a vinte dias.
“A prefeitura tem mais de mil funcionários e gasta cerca de R$ 1,3 milhão com folha de pagamento. Tudo que entra vai para pagamento de pessoal.” O pedido de prisão preventiva do secretário de finanças foi declarado durante a tarde e a reportagem de O Estado não conseguiu novo contato com a prefeitura sobre este assunto. Jamur não saiu vitorioso na última eleição. Quem vai assumir a administração municipal de Guaratuba a partir do próximo ano é Evani Cordeiro Justus.
Passando por dificuldades
CINTIA VÉGAS
A situação dos servidores está complicada. A funcionária da Secretaria Municipal de Obras Públicas Roseli Aparecida Barbosa conta que na última semana ela teve a água de sua residência cortada.
“Para que o abastecimento fosse restabelecido, tive que pagar a conta com um vale-mercado. Agora, estou com apenas R$ 50 para fazer as compras do mês de novembro inteiro para mim e meus dois filhos”, revela.
A situação também é complicada para Juraci de Souza Vieira, responsável pelos serviços gerais de uma escola municipal. “Eu e meu marido somos funcionários municipais. Nestas últimas semanas, estamos nos sustentando e também a nossas duas filhas e nosso neto com apenas R$ 300, q,ue recebemos por cuidar de três casas de veraneio. Está sendo muito difícil”, afirma.
Contas atrasadas também incomodam a servidora da saúde Jussara Aparecida dos Reis. “Não tenho dinheiro nem para pagar pela água e pela luz. Porém, já tem funcionários passando fome”, diz.
