Moradia digna e que respeita as culturas e tradições de seus habitantes. O que era apenas um sonho para a população indígena do Paraná já está se tornando realidade. A Companhia de Habitação do Paraná (Cohapar) implantou no início de 2003 o programa Casa da Família Indígena, um dos maiores programas do gênero em andamento no País. Atualmente, estão em obras 258 moradias em dez municípios do Estado. Em maio, o governador Roberto Requião autorizou o início da segunda fase do programa, com 347 casas em 17 localidades.

“O Casa da Família Indígena cumpre um compromisso assumido pelo governador durante a campanha eleitoral: resgatar a dignidade da população indígena no Paraná”, resumiu o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli. “Nossas aldeias estavam se transformando em favelas rurais”, acrescentou.

Para desenvolver os projetos das moradias, destinadas às duas principais etnias do Paraná ? Kaingangs e Guaranis -, a Cohapar convocou lideranças das comunidades e indigenistas. “Pela primeira vez na história do Estado, os povos indígenas puderam participar da elaboração de um programa habitacional destinado a eles”, atestou o assessor especial para Assuntos Indígenas do Governo do Paraná, Edívio Batistelli.

O resultado são casas que respeitam e espelham a tradição dos povos indígenas, sem abrir mão do conforto da vida moderna. São dois projetos diferentes ? um para os Kaingangs, outro para os Guaranis. As moradias, de 52 metros quadrados, são construídas em alvenaria com esquadrias em madeira, dois quartos, sala, cozinha, banheiro externo, varanda, forro, cobertura em telhas cerâmicas e instalação elétrica completa.

O cacique guarani Sebastião Veríssimo, que vive na Aldeia Lebre, em Nova Laranjeiras, uma das beneficiadas pelo programa, comemora. Com as novas casas, o frio e as goteiras serão coisa do passado. Muitas das crianças da comunidade sofrem de problemas respiratórios, causados em grande parte pelas casas de taquara, lona e palha. Além disso, recebem a visita indesejável de insetos e aranhas, que entram pelas frestas das paredes. “A vida debaixo da lona preta não é fácil. Mas agora teremos uma nova perspectiva de vida”, disse Veríssimo.

Déficit

O objetivo do Casa da Família Indígena é acabar com o déficit habitacional nas aldeias indígenas do Paraná, estimado em 1,3 mil moradias. O investimento do governo em cada unidade é de R$ 10 mil, em média. Os recursos são repassados a fundo perdido.

O programa é desenvolvido em parceria com a Funai, o Conselho Indígena Estadual do Paraná e a Fundação Nacional da Saúde (Funasa), responsável pela instalação de água e esgoto nas aldeias que recebem as casas. As famílias que participam são selecionadas pelos conselhos indígenas estadual e regionais, a partir de critérios como situação da moradia atual, número de filhos e tempo de residência na aldeia.

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