De eletricista da antiga Rede Ferroviária Federal Sociedade Anônima (RFFSA), aos 14 anos, a primeiro astronauta brasileiro, o tenente coronel aviador Marcos César Pontes, 41 anos, teve realmente uma guinada em sua vida em 1998, quando foi selecionado para ser o representante do Brasil na Estação Espacial Internacional (EEI). Formada por 16 países, a EEI tem os Estados Unidos como responsável pela integração técnica do projeto. A participação brasileira consiste no desenvolvimento de peças para o projeto da espaçonave. A indústria brasileira as faz e exporta aos Estados Unidos. Em troca, o País tem direito a usar as instalações científicas da EEI para pesquisas nacionais, transporte de ida e volta dos experimentos pelo ônibus espacial, tempo de tripulação para execução das mesmas e a existência de um tripulante brasileiro completamente treinado pela Nasa.
Aí entra a participação de Pontes, que está hoje em Curitiba para proferir palestra. Desde 98 ele está em Houston, no Estados Unidos, sendo treinado para sua primeira missão. “Já fiz o treinamento básico e fui aprovado como astronauta. Agora estou fazendo o treinamento avançado, aguardando minha primeira missão”, contou, destacando que provavelmente ela aconteça em 2006. Ele lembra que é uma data importante, pois é o centenário do primeiro vôo de Santos Dumont com aparelho mais pesado do que o ar . “Vou levar um relógio de pulso, outro invento seu além do avião, para homenageá-lo”, afirmou, destacando sua confiança no programa espacial brasileiro.
Pontes é uma espécie de embaixador do Programa Espacial brasileiro. Ele faz palestras por todo o país, como a que realiza hoje no Cindacta II, numa promoção da Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). “Para mim é uma grande responsabilidade representar o Brasil. Eu tento incentivar as pessoas, principalmente os jovens, a conhecerem o que é este mundo. Quem sabe não surjam novos astronautas. Com o primeiro vôo com certeza vamos abrir mercados para o País e valorizar mais nossa ciência e tecnologia”, relatou.
O astronauta disse que um programa espacial bem desenvolvido é capaz de trazer muitos benefícios a um país. “Quando se estudam técnicas para serem utilizadas num outro planeta se vai a fundo e no caminho pode se descobrir conhecimento para o uso imediato. Quando se desenvolveu o teflon para o uso espacial, nunca se imaginou que ele seria utilizado em frigideiras”, explicou.