O verão finalmente chegou e com ele está aberta a temporada de praias, de lazer e especialmente a de pesca. São milhares de pescadores que aguardavam ansiosamente a hora de tirar a vara do armário, desembaraçar as linhas, escolher a isca e seguir para a beira mar. Tem gente de todo jeito. Homens experientes com molinetes importados e cheios de sofisticação; mulheres ousadas que não se importam em ficar horas à beira-mar, esperando a boa maré em busca do peixe bom, e até crianças ávidas para pegar um peixão maior do que aquele da história que o pai conta cada vez uma nova pescaria está sendo combinada. Aliás, histórias de pescador é o que mais aparece nestas horas e é exatamente em busca delas que a Tribuna desceu a serra.
A partir deste domingo e em todos os domingos do verão, o leitor vai se divertir com a nova série de reportagens batizada de Conversa de Pescador e com as Dicas do Moluscówski, um ?molusco polonês? que se adaptou às águas do litoral paranaense e vai ensinar, em cada edição, detalhes que podem fazer a diferença para uma boa pescaria.
Boa Leitura!
Mara Cornelsen
Apaixonado por pescarias
Ele é um personagem conhecido na beira da praia, principalmente em alguns locais como o canal de Pontal do Sul, a entrada da Praia de Leste a alguns pontos especiais entre Matinhos e Caiobá. Com um arsenal digno de quem vai guerrear contra os peixes, o advogado e empresário João Carlos Lorusso, 63 anos, não se importa em ficar horas com os pés na água, fazendo lançamentos que podem ultrapassar 100 metros de distância, em busca de um bom pescado. Dotado de uma paciência de Jó, monta todo o seu equipamento na beira da praia. Normalmente são três varas de diferentes tamanhos e bons molinetes, também com linhas diferentes e anzóis de tamanhos variados. A isca preferida é o camarão, mas aquele grandão, que custa mais de R$ 30 o quilo. ?Este camarão, embora seja mais caro, é mais firme e serve melhor como isca?, explica.
Este curitibano começou a pescar ainda criança e tomou gosto pela coisa. Foi se aperfeiçoando na medida em que conseguia adquirir novos equipamentos. Entrou para um clube de pesca e chegou a manter ?ranchos? em sociedade com amigos, em locais alcançados só por barcos, para as pescarias de fim de semana. Expert no assunto, é capaz de ficar horas só falando sobre pesca. Relembra idas ao Mato Grosso, onde já fez magníficas pescarias, como costuma dizer, mas também fica contente quando consegue fazer um ?dublê? – dois peixes apanhados no mesmo arremeço – mesmo que sejam pequenos pampos ou miúdas betaras. Praticante da pesca esportiva, na maioria das vezes solta os peixinhos tão logo os captura. Lamenta a pesca predatória e ressalta que, antigamente, nosso Litoral era muito mais ?rico? e com espécies variadas.
Das suas grandes pescarias, a que mais gosta de lembrar é de uma que fez no Rio Miranda, no Mato Grosso do Sul, em época de piracema. ?A gente saía para pescar à noite. Era tanto peixe, tanto, que eles, atraídos pela luz das lanternas, pulavam para dentro do barco caindo no colo dos pescadores…? Para quem faz cara que não acredita, ele jura que é verdade e garante que tem até foto para provar que isso não é só ?conversa de pescador?. (MC)
Dicas do Moluscówski
Chumbadas
As funções da chumbada são: levar a linha de pesca ao local desejado, fixar a isca neste local e fisgar o peixe. Ao pegar sua alimentação o peixe procura engoli-la o mais rápido possível ou então fugir em arrancada rápida, quando se fisga, sendo desnecessário o ?tranco?.
São de diversos tipos. As mais recomendadas: pirâmide, que é para quase todos os tipos de praia porque se fixa muito bem; carambola, excelente pois como o atrito com o ar é menor, possibilita arremessos mais longos. Pirâmide de duas pontas, que é a união das duas acima.
Outros tipos: oliva, aranha, balão, balão murcho, charuto, foguetinho e por aí afora.
*No próximo domingo, o leitor vai conhecer a história do "Milagreiro das Varas", que mora em Curitiba.