Foto: Chuniti Kawamura

Fernanda Fock: ?Eu trabalhei no último Crystal Fashion e já está certo para trabalhar no próximo?.

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O perfil das mulheres (e até homens) que freqüentam os cursos de culinária e corte e costura já não é mais o mesmo de anos atrás. De acordo com as professoras, as mulheres não querem mais saber de apenas aprender para agradar a família ou o marido. A busca para ganhar um dinheiro a mais e ter um ofício é muito grande. A mesma situação ocorre com os homens.

A instrutora do curso de modelagem em corte e costura do Senac, Carla Emília Xavier, diz que em geral quem não tem condições de pagar um curso e procura as aulas gratuitas tem o objetivo de aumentar sua renda. Já quem paga o faz por hobby e também para ganhar dinheiro. Mas o que está fazendo a cabeça das mulheres mesmo é a economia que se faz quando se aprende a fazer por conta própria. ?Hoje a moda está massificada. As últimas tendências são aquelas em que você dá o seu toque pessoal com um bordado, uma costura diferente. Sem falar que economiza-se muito ao fazer uma barra ou um pequeno reparo?, diz Carla.

Nas aulas da professora de culinária Amélia Pianowski Joay, a procura de profissionais de outras áreas é grande, em geral com o mesmo objetivo: melhorar a renda. ?Antigamente eu tinha a impressão de que elas aprendiam só para fazer em casa por necessidade. Hoje a idéia é ganhar dinheiro?, diz.

Foto: Ciciro Back

Amélia Pianowski Joay: ?Idéia hoje é ganhar dinheiro?.

As duas professoras compartilham a opinião de que o machismo está enfraquecendo quando o assunto é cozinha. Para Carla, o preconceito está acabando. ?Acho que a gente tem que se adaptar à nossa realidade. No nordeste os homens aprendem a fazer crochê?, opina. Um exemplo de jovem que quer ganhar dinheiro e aperfeiçoar seus conhecimentos é o da estudante de Curitiba Fernanda Melo Fock, de 20 anos. Ela fez o curso de modelagem em corte e costura do Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial) e promete que vai fazer outros para se aperfeiçoar. Tudo isso não tem nada a ver com os dotes que toda mulher deve ter na visão dos mais conservadores. Fernanda conta que seu objetivo é ser uma profissional de moda. ?Eu trabalhei no último Crystal Fashion e já está certo para trabalhar no próximo também. Eu penso até em abrir uma empresa de confecção?, conta ela, bastante feliz por já ter produzido muitas peças de roupa.

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Fernanda diz que levou um susto quando chegou no Senac para fazer o curso: ?Quando fiz a inscrição achei que ia encontrar só senhoras aprendendo a costurar. Mas foi totalmente o contrário. Na minha sala havia muitas meninas querendo aprender?, diz.

Aulas inusitadas

Há cerca de 20 anos, era comum meninos e meninas aprenderem a costurar, bordar, cozinhar e até a plantar, em escolas públicas de Curitiba. O produto dessas aulas inusitadas para os dias de hoje era lembrado pela vida toda. Inclusive, o que se plantava era até mesmo consumido pelas famílias dos estudantes. Hoje tudo isso é pouco comum. Estudantes das escolas que ofereciam os cursos antigamente contam que tudo foi muito proveitoso. Uma das escolas era a Papa João XXIII, localizada no Portão. Lá eram ofertadas aulas de Técnicas Agrícolas, Comerciais, Industriais e Culinárias. Tudo acontecia no contraturno, mas tinha nota e freqüência, não era brincadeira.

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O advogado Nilo Guimarães, que estudou no local, diz que aprendeu a pregar botões, fazer barras e até a bordar. ?Hoje existem escolas que ofertam cursos de informática e tudo isso que aprendemos no passado foi sendo deixado de lado?, comenta.