Cursos de odonto estão na mira do MEC

A autorização para novos cursos de ensino superior na área da saúde deve ser suspensa por 180 dias. Nesse período os ministério da Educação e da Saúde vão avaliar a quantidade de faculdades, profissionais e a qualidade do ensino. A previsão é que novas autorizações sejam canceladas em definitivo e algumas faculdades tenham que fechar as portas. Uma das piores situações ocorre com o curso de odontologia. Nos grandes centros há mais profissionais do que recomenda a Organização Mundial de Saúde (OMS) e em outras cidades onde não há nenhum.

O Conselho Nacional de Educação e o Conselho Nacional de Saúde se reúnem nos próximos dias para aprovar a paralisação das concessões por 180 dias. Neste período MS e o MEC vão tomar conhecimento da situações de todos os cursos na área da saúde oferecidos no País. A ação é em função da quantidade de faculdades que abriram suas portas formando mais profissionais do que o mercado precisa, e grande parte com formação duvidosa. “O Provão mostrou que várias cursos apresentaram conceitos ruins, mas até hoje continuam de portas abertas”, fala o presidente da regional paranaense da Associação Brasileira de Odontologia, Roberto Cavalli.

Um das situações mais sérias ocorre com o curso de odontologia. “Nos últimos 8 anos triplicou a oferta de faculdades”, afirma o presidente da ABO, Henrique Teilelbaum. O Paraná é um dos estados onde a situação é mais crítica, enquanto em Santa Catarina existem 7 faculdades e no Rio Grande do Sul, 8, o Estado tem 14 e, conta hoje 12 mil profissionais. Existem ainda quatro pedidos de concessão sendo analisados pelo MEC. No entanto Henrique afirma que provavelmente vão ser negados.

Além da grande quantidade de profissionais no mercado há uma disparidade muito grande na distribuição de cirurgiões-dentistas. Segundo a OMS, o ideal é que cada cidade tenha um profissional para cada 1.500 pessoas. A média brasileira é superior a isso, um para cada 900 pessoas e o Paraná tem 1 para 850 pessoas. Mas, mesmo com toda essa oferta, no Estado há 31 cidades que não têm nenhum cirurgião-dentista. A situação se repete pelo interior do País. Como conseqüência, de cada quatro pessoas que completam 61 anos, três não têm nenhum dente natural na boca.

Para reverter esse quadro, Henrique defende que o Estado precisa fornecer condições para atrair esses profissionais para essas localidades. “Muitas vezes falta até infra-estrutura básica como luz, elétrica e saneamento”, comenta. Henrique, Cavalli e o vice-presidente do Conselho Federal de Saúde, Ailton Diogo Marilha e o coordenador nacional do programa de Saúde Bucal do Mistério da Saúde, Gilberto Ricca, estiveram ontem em Curitiba participando do VII Congresso Internacional de Odontologia do Paraná. Para eles, não vai ser fácil barrar a criação de novos cursos, já que existem muito interesses em jogo e a educação tem se tornado cada vez mais um negócio rentável, atraindo até capital estrangeiro.

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