Curitibanos contam experiência de viajar a Angola

Após 40 dias, 6.500 quilômetros percorridos, 18 horas de gravação de entrevistas e 3.500 fotos registradas, a dupla formada pelo jornalista Júlio César Lima e pelo fotógrafo Leandro Taques retornou de Angola, cheia de histórias para contar. Enquanto Júlio já traça as primeiras linhas do livro prometido no projeto patrocinado pela Petrobras, Leandro trabalha na seleção das fotos que vão transmitir a essência da reconstrução do país africano, assolado por uma guerra civil que durou quase 30 anos.

Eles embarcaram para Angola no dia 19 de novembro, com a proposta de caçar personagens de vários segmentos que pudessem traduzir como o país vem trabalhando para recuperar os anos perdidos na disputa pelo poder após a independência de Portugal. ?Além das riquezas naturais da região, como diamante e petróleo, o país vem recebendo investimentos de fora para o processo de reconstrução. A tendência natural é o crescimento. Mas é necessário que se dê uma atenção maior ao interior?, diz Júlio. Porém, ele não esconde que falta uma noção do que é democracia, já que muitos adultos de hoje nasceram durante a guerra.

Para Leandro, o que ficou de mais marcante foi a hospitalidade dos angolanos e o carinho que eles depositam nos brasileiros, irmãos de língua portuguesa. ?Apesar da pobreza que ainda está em todos os cantos, há todo um encantamento natural do povo.?

Como lição, ficou a certeza da inutilidade das guerras. Entre as visões nada agradáveis estão os milhares de mutilados, geralmente em conseqüência das explosões de minas que até hoje estão sendo desarmadas na faixa central daquele país, especialmente nas proximidades de Huambo e Kuito, cidades até hoje com marcas de destruição nas construções. ?Conversamos com cerca de 50 personagens interessantes e um deles, Francisco Manoel, é o retrato da maioria dos mutilados, que lutou por anos e acabou como mendigo na cidade?, conta Júlio.

Os dois constataram in loco o maior problema de Angola: a disparidade social. ?Não há classe média. Após o fim da guerra, os que ficaram no poder têm muito dinheiro e a maior parte da população não tem. É preciso que haja cuidado na condução desta situação.?

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