Em pouco tempo, será inevitável utilizar um sistema de reaproveitamento da água da chuva ou daquela consumida dentro de um local. Medidas simples e relativamente acessíveis podem garantir a economia de água. A bibliotecária Mary Derosso, por exemplo, fez questão de que a sua nova casa tivesse métodos para o reaproveitamento de água. São três sistemas, que captam a água das chuvas e a utilizada nos banhos e na lavagem de roupas.
Ela já tinha essa idéia e, tendo conhecimento de uma lei municipal que determina o reaproveitamento de água em edifícios novos, quis adaptá-la em sua nova casa, que está sendo construída no bairro Xaxim, em Curitiba. Mary passou a proposta ao professor Luiz Campestrini, que já tinha desenvolvido alguns sistemas, e ao engenheiro Waldemir Kürten. Os dois estudaram e estruturam os métodos para a casa de Mary.
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A água é captada por três sistemas e reutilizada em toda a residência. |
Um deles capta a água da chuva, através das calhas. A água passa por um sistema de tubos, onde há uma peneira para reter toda a sujeira. O sistema automaticamente dispensa a água da chuva inicial, aquela que vem com as impurezas da poluição atmosférica. Somente depois é que a chuva é realmente aproveitada. Após passar pela peneira, a água migra para um tubo com pastilhas de cloro e é direcionada para uma cisterna. A água é bombeada para a caixa d?água e, durante esse trajeto, ainda passa por outros quatro filtros. A água a ser utilizada é apta para consumo humano, até mesmo para beber.
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Filtros deixam a água apta até mesmo para consumo humano. |
Na casa da Mary, existem reservatórios embaixo dos boxes dos banheiros. A água utilizada nos banhos vai para um ralo com uma peneira, onde ficam retidas todas as impurezas. Dali, vai para o reservatório. Ela é transferida, por meio de motores utilizados em aquários, diretamente para os vasos sanitários. A água utilizada na lavagem de roupas, tanto no tanque quanto na máquina, também será reaproveitada. Essa água é captada e colocada em outra cisterna. Acionando um botão, é possível puxar toda essa água, que será destinada à lavagem das calçadas e do carro.
Mesmo com esses três sistemas, a água fornecida pela Sanepar também pode ser utilizada dentro da casa. No entanto, a idéia de Mary é usar a água da companhia o mínimo possível. Os métodos foram desenvolvidos para o consumo de água para quatro pessoas. ?Na minha família, sempre discutimos a necessidade de preservar o recurso natural e do consumo racional. Se já existem os sistemas, por que não adaptá-los às casas? Campestrini e Kürten toparam a idéia. A minha intenção não é só a economia financeira, mas também poupar o meio ambiente?, afirma Mary. De acordo com ela, a Sanepar emitiu um laudo atestando que a água da chuva tratada dentro da casa é apta para consumo humano.
O engenheiro Kürten conta que o investimento na implantação dos três sistemas foi de R$ 6 mil. O retorno financeiro acontece após cinco anos. ?É um processo perfeitamente viável, simples e prático. E o mais importante: ajuda o ecossistema?, comenta.
O presidente do Instituto de Engenharia do Paraná (IEP), Luiz Cláudio Mehl, garante que será inevitável o uso de sistemas de reaproveitamento de água. E isso deixa de ser uma questão apenas de consciência de cada pessoa. É uma necessidade. Diante deste quadro, a entidade vai desenvolver, em parceria com a Prefeitura de Curitiba, dois projetos pilotos para a captação da água da chuva e a sua posterior utilização. Eles serão aplicados em duas escolas municipais e dois conjuntos habitacionais de baixa renda. Todo o trabalho também será acompanhado por alunos da Universidade Federal do Paraná.
